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Raquel Cristina Cardoso do Amorim, diretora
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Publicado em 16/12/2016
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Foto: Alberto Jacob Filho

O primeiro contato com a escola é uma experiência que costuma marcar a vida de algumas pessoas. Lembranças da sala de aula, da hora do “soninho”, das brincadeiras na quadra de esportes e, claro, da primeira professora. Esse foi o ponto de partida para a bonita relação entre Raquel Cristina Cardoso do Amorim e a E.M. Rodolfo Garcia (5ª CRE), em Irajá, da qual ela já foi aluna, professora e, hoje, é diretora.

Aos 5 anos, Raquel foi matriculada na escola, em sua primeira experiência fora do convívio familiar. Aos 18, voltava para dar aulas. Quase 15 anos depois, assumiu o cargo de diretora adjunta. Em equipe e com o acompanhamento da Secretaria Municipal de Educação – SME-RJ, enfrentou o grande desafio de reverter um quadro de mau desempenho entre alunos do 3º ano. E, quando a então diretora-geral da escola se aposentou, em setembro de 2016, ocupou o maior cargo da unidade onde não apenas havia trabalhado toda a vida, mas com a qual havia construído um forte vínculo emocional.

Uma história de memórias afetivas

Em 1982, Raquel ingressou na E.M. Rodolfo Garcia, localizada perto de sua casa. Naquela época, como o número de vagas não era muito grande e as matrículas eram feitas presencialmente (e não pela internet), sua mãe foi para a porta da escola, de madrugada, em busca de vagas para Raquel e suas duas irmãs, pois queria muito que as filhas estudassem ali.

Raquel na época em que estudava na E.M. Rodolfo Garcia

“Entrei na escola com 5 anos e cursei a Educação Infantil lá. Existe um lado afetivo que é impossível de ser dissociado. Foi o meu primeiro contato fora do núcleo familiar. Fui muito bem acolhida pela “tia” Margarida, uma professora calma e doce, e me lembro de toda a nossa rotina escolar, na qual eu me sentia muito bem. Já a reencontrei em outros momentos, muitos anos depois, e é sempre emocionante pra mim”, relembra.

Depois, Raquel foi transferida para a E.M. Pires e Albuquerque (5ª CRE), no mesmo quarteirão, onde concluiu o Fundamental. Então, estudou no Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra, a fim de tornar-se professora. “Ainda tinha algumas dúvidas sobre a profissão que gostaria de seguir. Quis ser marinheira, artista, cada hora uma coisa! Fazemos escolhas precocemente, mas não me arrependo, em nenhum momento, de ter optado por essa profissão.”

Assim que se formou, foi aprovada em um concurso para o Município, no ano de 1995. Devido à classificação, pôde escolher para que escola ir – e não teve dúvidas. “Aos 18 anos, eu voltava à E.M. Rodolfo Garcia, que tanto me marcou, para dar aula. As professoras ainda se lembravam de mim, das minhas irmãs e da minha mãe”, conta Raquel, assumindo o frio na barriga que sentiu ao trabalhar com docentes tão experientes. “Tive medo, mas fui muito bem acolhida e fiquei por aproximadamente 15 anos em sala de aula, com turmas da Educação Infantil ao 5º ano”, relata a professora, que foi aprovada em outro concurso, tem duas matrículas na Rede e trabalha na escola em tempo integral.

Convidada pela então diretora, Selma Fonseca Brandão, a assumir o cargo de diretora adjunta, Raquel aceitou o desafio. E, em setembro de 2016, quando Selma se aposentou, Raquel assumiu a Direção. “Aprendi muito com a Selma, sobretudo durante os sete anos em que fui cogestora. Às vezes, fecho os olhos e penso: ‘Meu Deus, estou na Direção!’. E parece que tudo isso foi ontem! O tempo é muito intrigante!”

Até hoje, Raquel guarda na escola sua ficha de matrícula, de 1981 (Foto: Reprodução/ Alberto Jacob Filho)

Hoje, ela vê o desafio de assumir a Direção como uma oportunidade de oferecer aos estudantes o que teve quando era aluna: uma escola de qualidade, que possa garantir a realização dos sonhos. Ao contar toda essa trajetória, inevitavelmente pensa no pai, já falecido. “Ele espalhava pelo bairro inteiro, todo feliz, que tinha três filhas professoras. Infelizmente, não pôde viver para ver esse momento, mas sei que seria um orgulho muito grande para ele.”

2016: o ano da “virada” na E.M. Rodolfo Garcia

Por causa de um desempenho ruim em 2015, com um grande número de alunos reprovados no 3º ano, a escola passou a ser acompanhada de perto pela SME. “A escola nunca tinha passado por uma situação crítica quanto a resultados. Então, foi a hora do ‘sacode’ aqui dentro”, conta Raquel, que, na época, ainda ocupava o cargo de diretora adjunta.

Segundo ela, um conjunto de ações resultou na melhoria significativa no desempenho dos alunos e fez com que a escola deixasse de ser prioritária. Com o suporte da SME, foram recebidas visitas de profissionais especializados do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e do Programa Saúde na Escola (PSE) – uma articulação entre as unidades escolares e as Unidades Básicas de Saúde (Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde).

“Hoje em dia, existe um público com perfil muito distinto na Rede. Alunos com comprometimentos emocionais e/ou que fogem especificamente da área de Educação. Quando nos deparamos com isso, passamos a avaliar caso a caso, o porquê de cada criança não avançar. E, a partir daí, traçamos estratégias.”

Durante o acompanhamento, foram oferecidas consultorias para professor, coordenador e Direção. O foco do trabalho era, inicialmente, o 3º ano, mas acabou se expandindo. “Com uma grande equipe de profissionais aqui, não perdemos a oportunidade de buscar ajuda para alunos de outros anos. Acabou sendo uma ação na escola toda”, explica Raquel.

Sobre o aspecto pedagógico, a diretora garante que mudar a forma de ensinar também foi fundamental. “Acreditamos no crescimento do aluno, ainda que não seja no nível que a gente espera. Então, se a forma de ensinar não está sendo adequada para ele, cada professor tem que refazer o seu planejamento: ouvir as necessidades dos alunos e propor reuniões com os responsáveis para traçar novas estratégias e rever os conceitos.”

Assim, os professores desenvolveram atividades diversificadas de reforço escolar. “Eles foram incansáveis nesse processo. Se pensarmos no quantitativo, não é tarefa fácil, são muitos alunos. Foi um trabalho de recuperação ‘de formiguinha’, mas que trouxe ótimos resultados”, orgulha-se.

A relação escola-família

Diretora posa na sala onde foi aluna há mais de trinta anos

De acordo com Raquel, a criança indisciplinada ou com um desempenho ruim tem, de maneira geral, dois perfis principais: ou o responsável é ausente, ou é presente, mas não sabe como lidar com a dificuldade que o aluno apresenta. “Em ambos os casos, precisamos chamá-los para vir à escola conversar. Alguns acham que basta a criança estar matriculada, ou dizem não saber mais o que fazer com ela, mas eles têm que saber. Muitos só querem ouvir elogios, mas é no defeito, na queixa que não é agradável de ser escutada que temos o ponto de partida para nossas ações.”

Para a diretora, ainda que os responsáveis não percebam as dificuldades ou se neguem a ver, a escola não pode se isentar. “Quando a escola sinaliza um problema, não é porque estamos sendo chatos e exigentes demais, é o inverso. Precisamos nos colocar para dar oportunidade de a criança crescer. E isso deve ser aos poucos, com muita sensibilidade, tato e bom senso, para convencê-los de que queremos o melhor.”

Em um ano de muitas mudanças internas na E.M. Rodolfo Garcia, Raquel afirma que a relação de confiança construída com toda a equipe da escola foi fundamental para a melhoria no desempenho dos alunos e também para o sucesso de projetos já tradicionais na escola, como o Escritores Mirins, que caminha para a 14ª edição. Com o objetivo de estimular o hábito da leitura e da escrita, o evento acontece anualmente, dando uma oportunidade de os alunos exporem suas produções literárias e estudarem a vida e a obra de um autor homenageado.

“O apoio dos professores e funcionários, da minha irmã – coordenadora pedagógica Keila –, e da diretora adjunta, que também é responsável pela Sala de Leitura, me deu a segurança de que precisava para realizar todas as atividades planejadas e concluir o ano letivo com êxito. Não é um trabalho fácil, existem muitos desafios e tenho que estar muito equilibrada para tomar decisões. Mas, dentro da escola, o principal é tocar o coração das pessoas. Quem gosta do que faz vai dar o seu melhor.”

Márcia Carvalho de Sá, diretora da E.M. Pedro Lessa
Há 30 anos no cargo, ela acredita que disciplina é fundamental para o aprendizado.
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Práticas pedagógicas
Ralph Cyrillo Dias, professor de Artes
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A história de um encontro inesperado – e muito feliz – com a Educação de Jovens e Adultos.
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Alexandra Paixão, professora da Educação Infantil
“Quero formar cidadãos críticos. Contribuir para que os alunos possam expressar suas ideias, não apenas memorizar conteúdos.”
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Práticas pedagógicas
Raquel Cristina Cardoso do Amorim, diretora
Aluna, professora e diretora: as três fases da estreita relação de Raquel com a E.M. Rodolfo Garcia (5ª CRE), em Irajá.
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Luciana Santana de Lima, professora do 6º ano
A educadora leciona na E.M. Isabel Mendes (3ª CRE), no Méier.
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Will Robson da Silva, professor do Projeto Aceleração
Professor de espanhol por formação, ele assumiu turmas do Projeto Aceleração e conquista alunos e pais pela seriedade e simpatia com que conduz o trabalho.
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Os alunos aprendem como fazer um curta metragem com todas as questões envolvidas: roteiro, parte técnica e artes cênicas.
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Com uma trajetória ligada a projetos sociais, defende o ensino de teoria e técnica associado à preocupação com a formação de alunos cidadãos.
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