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Liliana Secron Pinto, professora de Sala de Leitura
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Publicado em 11/11/2016
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Foto: Alberto Jacob Filho

Ela não se considera uma professora de Língua Portuguesa tradicional. Aprendeu a ser educadora, segundo ela mesma, durante seus trabalhos em projetos sociais. Hoje, à frente da sala de leitura da E.M. França, em Quintino Bocaiúva (5ª CRE), Liliana Secron Pinto acredita na Literatura como forma de desenvolver a subjetividade de seus alunos e permitir que sonhem. Envolve os estudantes nas mais diversas atividades – música, teatro, passeios, grupo de discussão. Quer que a escola forme cidadãos e seja vista como um “espaço legal” de estar.

Professora em formação

Diferente de muitos professores, Liliana nem sempre pensou em seguir essa profissão. “Eu fazia teatro, cantava e engravidei aos 17 anos. Não que fosse apaixonada pela Língua Portuguesa, mas fui fazer Letras porque era o mais próximo da arte que eu conseguiria chegar”, diverte-se, relembrando que já trabalhou vendendo comida congelada e em uma barraca de doces caseiros numa feira de artesanato.

A trajetória profissional teve início com o trabalho em projetos sociais. Inicialmente, como administradora da organização humanitária internacional Médico Sem Fronteiras (MSF); depois, coordenando, durante mais de dez anos, projetos voltados ao aumento de escolaridade de jovens e adultos dentro de comunidades e à preparação de jovens e pessoas com deficiência para o mercado de trabalho.

“Foram experiências muito gratificantes. Ali, aprendi a ser professora. Em vez de eu ser uma professora tradicional de Língua Portuguesa, sempre me envolvi e me preocupei em trabalhar a construção da cidadania, o ensino da língua como possibilidade de inserção social, melhoria de qualidade de vida e possibilidade de ampliação da forma de comunicação”.

Nesse período, Liliana passou em um concurso e foi lecionar na Rede Estadual. Após cinco anos, entrou também na Rede Municipal, na E.M. Adalgiza Neri, em São Fernando, Santa Cruz (10ª CRE).

Acostumada a trabalhar com jovens mais velhos e adultos, apostou em atividades diversas para conseguir envolver a turma de 5º ano pela qual ficou responsável. “Fiz gincana, ensinei dança, comecei a usar a sala de leitura – até então inutilizada – e fiz pesquisas de campo para contar a história da comunidade. Nesse trabalho, entrevistamos moradores, coletamos informações e os alunos aprenderam a fazer gráficos para sistematizar toda a pesquisa”, conta a professora, que se destacou pelo projeto e o apresentou, inclusive, em um encontro promovido pela Prefeitura.

A experiência na sala de leitura

Depois de três anos na E.M. Adalgiza Neri, Liliana foi para a E.M. França, onde leciona há seis anos. Lá, desde o início, está à frente da Sala de Leitura, onde recebe turmas da Educação Infantil ao 9º ano, incluindo a Educação Especial (de surdos e deficientes intelectuais).

“Vejo a Literatura como forma de desenvolver a subjetividade, de permitir que o aluno sonhe; amplie o vocabulário, se expresse e se coloque melhor no mundo, também profissionalmente. O foco das minhas aulas é esse e, por isso, trabalhar na Sala de Leitura é maravilhoso”.

Na escola, a professora promove rodas de leitura, organiza o cineclube e também ajuda na preparação para o Festival da Canção das Escolas Municipais (Fecem). “Eu digo a eles que apenas abro a porta e fecho. O resto é com eles, quem produz são eles, eu motivo. Isso é algo bacana em nosso trabalho: damos autonomia aos alunos”.

Foto: Alberto Jacob Filho

Entusiasta do programa de Sala de Leitura da Prefeitura, Liliana participa intensamente de capacitações promovidas pela Secretaria Municipal de Educação (SME-RJ), e destaca o trabalho que está sendo feito para pensar a política pública de leitura e do livro na cidade. “Estamos iniciando uma discussão sobre o Plano Municipal do Livro, Leitura e Bibliotecas. A escola não pode se fechar, precisa ser um polo irradiador, e o trabalho das salas de leitura tende a isso”.

Esse entusiasmo e o empenho refletem-se diretamente na escola e no envolvimento dos alunos. No último ano, a E.M. França foi uma das sete escolas do município do Rio de Janeiro vencedoras do 3° Concurso Escola de Leitores, projeto que promove a mobilização de escolas e o incentivo à leitura literária – uma parceria entre a SME, o Instituto C&A e a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Como prêmio, a escola recebeu uma quantia em dinheiro – usada para investir na Sala de Leitura, com reformas e ampliando o acervo. Além disso, as professoras Liliana e Ruth Rosa de Macedo, envolvidas no projeto vencedor, Caminhos Literários, foram contempladas com uma viagem à Colômbia para participar de um intercâmbio sobre incentivo à leitura. “Foi uma experiência incrível e voltamos cheia de gás!”, conta Liliana, que segue desenvolvendo atividades entre seus alunos e estudantes colombianos.

Educar para formar cidadãos

Envolvida desde passeios escolares a projetos de música e teatro, Liliana lidera o Projeto Adolescência, criado por ela na escola. “O que posso fazer envolvendo aluno, faço. A sala de aula e a escola em si precisam ser um espaço de experiências, precisa ser legal estar ali”.

O objetivo do projeto, segundo a professora, é dar voz aos alunos, discutir temas atuais e relevantes, ouvir opiniões, questionamentos e propostas. O grupo, formado por cerca de 20 alunos do 8º e 9º anos, se reúne quinzenalmente na escola.

“Discutimos o que precisamos para ter uma escola melhor, por exemplo. Eu os provoco para que achem soluções e eles também sugerem maneiras de realizar o que querem. Encaminhamos algumas propostas a políticos, outras à direção, e muitas delas os alunos percebem que eles mesmos podem fazer!”.

Pensar a Escola

Segundo Liliana, a falta de capacidade de concentração e a indisciplina dos alunos são os maiores problemas do professor em sala de aula. “Estamos vivendo um momento em que precisamos repensar a forma de nos relacionarmos com os alunos, que são muito diferentes daqueles da escola tradicional, em que o professor mandava e eles obedeciam. Tentar fazer isso, hoje, é um fracasso”, relata a professora, que acredita não conviver com tantos problemas disciplinares em sala por ser flexível e ter um estilo mais próximo ao diálogo e à negociação.

“Tenho participado de discussões sobre uma educação mais dialogada, construída junto em vez de imposta de cima pra baixo. É uma tendência. Não dá mais para termos uma escola que não dialoga. Os alunos se empoderaram, perceberam a força que têm, e teremos que fazer diferente”.

Para a professora, a escola precisa pensar sobre que pessoas está formando, quem está saindo de lá, e apoiar os alunos na construção pessoal como cidadãos. “É necessário construir um currículo que ofereça uma estrutura técnica e teórica, mas também pensando nessa perspectiva de ‘que mundo a gente quer?’”, defende.

“Quero fazer deste planeta um lugar melhor. Acordo de manhã para mudar o mundo. Dizem que sou utópica, que vou enxugar gelo, mas não tem problema. Se eu não enxugar esse gelo, não faz sentido viver”.

Márcia Carvalho de Sá, diretora da E.M. Pedro Lessa
Há 30 anos no cargo, ela acredita que disciplina é fundamental para o aprendizado.
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Ralph Cyrillo Dias, professor de Artes
Escultor autodidata, o educador busca ser um exemplo para os alunos da E.M. Mário Penna da Rocha (5ª CRE), em Honório Gurgel.
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De merendeira a diretora da E.M. O'higgins (8ª CRE), Bangu.
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A história de um encontro inesperado – e muito feliz – com a Educação de Jovens e Adultos.
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Alexandra Paixão, professora da Educação Infantil
“Quero formar cidadãos críticos. Contribuir para que os alunos possam expressar suas ideias, não apenas memorizar conteúdos.”
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Aluna, professora e diretora: as três fases da estreita relação de Raquel com a E.M. Rodolfo Garcia (5ª CRE), em Irajá.
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Luciana Santana de Lima, professora do 6º ano
A educadora leciona na E.M. Isabel Mendes (3ª CRE), no Méier.
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Will Robson da Silva, professor do Projeto Aceleração
Professor de espanhol por formação, ele assumiu turmas do Projeto Aceleração e conquista alunos e pais pela seriedade e simpatia com que conduz o trabalho.
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Os alunos aprendem como fazer um curta metragem com todas as questões envolvidas: roteiro, parte técnica e artes cênicas.
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Liliana Secron Pinto, professora de Sala de Leitura
Com uma trajetória ligada a projetos sociais, defende o ensino de teoria e técnica associado à preocupação com a formação de alunos cidadãos.
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