FERNANDA CONDE COLLARES XAVIER
Fernanda Conde Collares Xavier: Mestre em Novas Tecnologias Digitais na Educação pela UniCarioca (2024), bacharel em Psicologia pela Universidade Gama Filho (1990), com Especialização em Educação e Reeducação psicomotora pela UERJ (2001) e em Transtorno do Espectro do Autismo (2020) pelo CBI of Miami. Cursos de Extensão Universitária em atendimento Educacional Especializado para Estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo pela UFERSA (2020), Educação Infantil pela Pontifícia Universidade Católica Do Rio de Janeiro (2001) e Alfabetização e Letramento de Pessoas com Deficiência Intelectual sob o Viés do PEI pela UERJ (2024). É professora da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro na Secretaria Municipal de Educação desde 1987. Tem experiência na área de Educação Infantil e atualmente trabalha atualmente com Educação Especial como AEE.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: PEF / AEE
De acordo com o seu PPP “Semeando valores”, o EDI tem como objetivo difundir, em todos que fazem parte da comunidade escolar, valores éticos básicos indispensáveis à formação do ser humano e de suas relações sociais. Já o AEE tem como um de seus objetivos, de acordo com o Decreto n 7611, de novembro de 2011, prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir apoio necessário de acordo com as especificidades individuais dos estudantes. Como também, planejar, criar e potencializar o uso de recursos pedagógicos e de acessibilidade, capazes de eliminar barreiras para a participação efetiva das crianças, considerando suas necessidades específicas.
No entanto, não havia no EDI uma Sala de Recursos Multifuncional (SRM) e nem outro espaço estruturado para o acolhimento e atendimento especializado que desse conta das necessidades das crianças portadoras de deficiência. O AEE era realizado por uma professora itinerante, que confeccionava materiais com sucata. Faltavam materiais, recursos e jogos pedagógicos específicos e resistentes, bem como um espaço estruturado que dessem à esse grupo o direito de, como proposto no Currículo Carioca do RJ, reassumir as interações e brincadeiras como eixos basilares, acolhendo também o direito à aprendizagem, de acordo com as necessidades específicas de cada um.
Para dar início ao projeto, necessidades específicas e interesses das crianças com deficiência matriculadas no AEE, foram listados em uma planilha, a partir do PEI de cada uma. A seguir, foram pesquisados na internet materiais que pudessem atender às especificidades e interesses de cada uma e seus endereços eletrônicos passados para a planilha, orçados e alguns comprados.
A sala de reunião foi pintada e ganhou prateleiras, tapete sensorial construído com sucata, almofadas e um painel móvel com uma rotina de imagens feitas com PCS onde foi anexada uma caixa de “ acabou”. Foi confeccionada também uma caixa de brinquedo móvel “Caixa da inclusão”, que proporcionou o brincar em diferentes locais do espaço escolar e cotidiano, na companhia de responsáveis e educadores.
No novo espaço, as crianças puderam escolher imagens relacionadas aos seus centros de interesse e organizá-las no final do painel, sendo a rotina iniciada sempre com as escolhas feitas pela professora do AEE, de acordo com objetivos elencados no PEI.
Dentre os novos materiais, havia uma casa de pano, que tornou o ambiente ainda mais lúdico e convidativo, estimulando o faz de conta.
Foi adquirido também um tablet, que possibilitou a criação no Wordwall, de jogos personalizados com imagens das crianças e tinham como pano de fundo os interesses dos alunos (como fundo do mar, floresta ou Halloween), e as letras de seus nomes embaralhadas para serem reorganizadas manualmente.
Por fim, foi construído um gráfico de expressões faciais (emoji) e fotos das crianças presas em pregadores, para que pudessem ter voz e expressar suas emoções após a exploração dos recursos.
O projeto oportunizou o acolhimento das crianças com deficiência em um espaço seguro e favoreceu a autorregulação. A diversidade de recursos lúdicos facilitou a estruturação da rotina e o painel com PCs ofereceu, tanto previsibilidade, quanto protagonismo, a partir do poder de escolha. As crianças passaram a aceitar novos materiais com menos resistência, por esse fato ser um pré requisito para posteriores escolhas. Passaram a compreender a troca de turnos e se expressar melhor, mesmo que através de uma comunicação multimodal. A caixa móvel oportunizou o brincar em diferentes locais e mais oportunidades de escolhas e de vivenciarem outras experiências. Recursos como o tablet, possibilitaram a personalização das atividades e alguns alunos passaram a brincar com as letras e montar seus nomes sem tanta resistência.
Destarte, o projeto favoreceu a eliminação de possíveis barreiras impeditivas à plena participação e acesso das crianças ao direito de aprendizagem.
BRASIL. Lei no 13.146 de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: 2015.
BRASIL, Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base. Brasília: MEC, 2018a.
CHIOTE, Fernanda de Araújo Binatti. Inclusão da criança com autismo na educação infantil: trabalhando a mediação pedagógica. Digitaliza Conteudo, 2023.
DINIZ, Debora. O Modelo social da deficiência: A crítica feminista. Série Anis, 28. 9. 2003.
DINIZ, Débora. O que é deficiência. São Paulo Brasiliense, 2007.
GLAT, Rosana. Desconstruindo representações sociais: por uma cultura de colaboração para
inclusão escolar. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 24, p. 9-20, 2018.
XAVIER, Fernanda et al. Em busca de pontes para uma educação anticapacitista: o que não é dito, grita.
.