A 60 km de distância do Centro, um recanto com visual paradisíaco já serviu de cenário para diversas produções de TV. É Barra de Guaratiba, onde algumas novelas foram gravadas e, também, a primeira fase (entre 1977 e 1986) da série infantojuvenil Sítio do Picapau Amarelo. No bairro está situado o Sítio Roberto Burle Marx, com um acervo riquíssimo, tanto em botânica quanto em artes plásticas. Ao longo da Estrada Roberto Burle Marx, antiga Estrada da Barra de Guaratiba, rebatizada em homenagem ao paisagista, dezenas de restaurantes especializados em frutos do mar completam, pela gastronomia, a experiência sensorial que é simplesmente estar na região.
Salpicado de pontos estratégicos de observação, como o Morro da Espia, o Morro de Guaratiba e a Pedra do Telégrafo, o bairro tem duas praias: a de Barra de Guaratiba e a do Canto. Ambas ficam na enseada conhecida como Ponta do Picão. Com ecossistema de manguezal, reúne tanto a variante de floresta de mangue propriamente dita (1.601,34 hectares) quanto a das chamadas “planícies hipersalinas” ou apicuns (704,10 hectares), que compõem a Reserva Biológica de Guaratiba, criada em 1974 e administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A Lei Estadual nº 5.842, de 3 de dezembro de 2010, recategorizou a unidade como Reserva Biológica Estadual de Guaratiba, em consonância com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Misto de santuário e área militar
O bairro faz limite com Guaratiba, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes e Grumari. Em suas águas são comuns os tubarões das espécies galha preta e martelo. Quanto às aves, os guarás, nome dado pelos indígenas aos Eudocimus ruber, devem a cor avermelhada de suas penas à dieta regular de caranguejos, ricos em caroteno.
No fim da década de 1920, foi aberta a primeira estrada pavimentada da área: a da Grota Funda. Desde os anos 1950, a Ponte Eurico Gaspar Dutra ou Ponte Velha de Guaratiba liga o bairro à Restinga da Marambaia, administrada pela Marinha do Brasil. Em Barra de Guaratiba, está situado o Centro Tecnológico do Exército, também de circulação restrita.
Religiosidade caracteriza a comunidade
A ocupação da região começou em março de 1579, com a chegada de Manuel Veloso Espinha. Ele pediu à coroa portuguesa a doação de uma sesmaria, depois de lutar ao lado de Estácio de Sá contra os franceses e os tamoios. Alegou que merecia um ressarcimento pelos homens e pelo navio colocado à disposição durante o conflito. Em contrapartida, recebeu a exigência de que povoasse as terras no prazo máximo de três anos, além do pagamento do dízimo à Igreja. Em 1683, a propriedade passou para as mãos de Manoel Siqueira e sua esposa, Brites Dórea.
No ciclo da cana-de-açúcar, existiam ali importantes fazendas de produção de açúcar e aguardente, como os engenhos: Novo, de Fora, do Morgado, da Ilha, da Bica e da Pedra. A partir da substituição pelo cultivo do café em larga escala, a Fazenda do Engenho Novo, de Pedro Dauvereau, foi a primeira da cidade a usar maquinário importado para o beneficiamento dos grãos.
A Igreja São Salvador do Mundo foi construída por ordem de Manuel Veloso Espinha Filho em 1676, perto do Porto de Guaratiba. Atualmente, no mesmo local se encontra a Igreja de Nossa Senhora das Dores da Barra de Guaratiba.
Já no caso da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, instalada estrategicamente no alto do Morro da Vendinha, o difícil acesso levantou uma suspeita por parte da população, na época: a de que a construção serviria, na verdade, para o controle dos navios negreiros ao longo do século XVIII, uma vez que oferecia visão total da enseada.