O bairro do Catete guarda a memória de uma época áurea, quando grandes produtores de café – principal produto de exportação brasileiro na virada do século XIX para o XX – construíram ali suas mansões. O bairro conta também a história da República: 18 presidentes residiram e governaram no palácio que, hoje, está aberto à visitação pública.
O Palácio do Catete, antigo Palacete de Nova Friburgo, funcionou como residência e local de trabalho da Presidência da República de 1897 a 1960. Anteriormente, quem morava lá era o Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, e sua família.
O prédio foi vendido, em 1890, à Companhia Grande Hotel Internacional, que faliu. Acabou hipotecado ao Banco da República do Brasil e, em 1938, teve seu tombamento decretado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão precursor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O casario da Rua do Catete, de fins do século XIX e início do século XX, ainda pode ser apreciado, pois muitos sobrados daquela época encontram-se conservados – edificações remanescentes de um tempo em que a região era o centro do poder no país e palco de inovações, como a primeira linha carioca de bondes elétricos, inaugurada, em 1892, no Largo do Machado.
Granito para construir as igrejas do Rio
Do bairro também saíam os blocos de granito para a construção de diversas igrejas cariocas, como a da Candelária, no Centro, e a de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado. A matéria-prima era extraída pelos escravos, de pedreiras localizadas no final do que, hoje, são as ruas Pedro Américo e Bento Lisboa.
A designação Catete foi dada pelos índios tamoios, seus habitantes originais, e significa, em tupi, “mato fechado” – era o modo como os indígenas designavam o braço do Rio Carioca, que, antes da urbanização, contornava o Outeiro da Glória, desembocando no mar. A importância do bairro remonta, ainda, à expansão da cidade rumo ao sul, pois era pelo “caminho do Catete” que se ia nessa direção.
Cabe ainda ressaltar que Machado de Assis, um dos maiores escritores de língua portuguesa, morou na Rua do Catete, 206, com sua esposa, Carolina, e a cachorrinha tenerife Graziela.
O Catete hoje
Atualmente, a região oferece diversas opções de cultura, informação e lazer gratuitas. O Palácio do Catete possui três andares: no primeiro, está a área que, durante as primeiras décadas da República, abrigava os setores burocráticos (secretaria, biblioteca, gabinetes, salas de despachos e audiências) e também o salão ministerial, que servia para reuniões do presidente com seus ministros.
O segundo andar é conhecido como “piso nobre”, já que era destinado a recepções e cerimônias. Destacam-se o luxo e a diversidade de temas decorativos que procuravam demonstrar o poder social da burguesia. Ainda no segundo andar, encontram-se a capela, os salões das visitas, dos banquetes e um recinto exclusivamente masculino para fumar e jogar.
O último andar era destinado aos aposentos privados da família do Barão de Nova Friburgo e, mais tarde, das famílias dos presidentes. O quarto presidencial ainda é mantido como se encontrava na noite do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. Além de ser um museu muito importante, o Palácio do Catete oferece, ainda, uma área externa com jardins aprazíveis e parque com brinquedos infantis.
Ao lado do prédio principal, há dois locais de referência para quem gosta de artesanato – o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e o Museu Edison Carneiro. Neles, é possível conhecer e adquirir peças feitas por artistas de todo o Brasil.
Em relação à educação pública, o bairro abriga dois edifícios marcantes e em funcionamento: o primeiro Centro Integrado de Educação Pública do Rio de Janeiro – Ciep Presidente Tancredo Neves – e o Colégio Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, um exemplo da arquitetura eclética.
O bairro é bem servido de transporte, com estações de metrô e ônibus, além de restaurantes, cinemas e comércio variado.
Fontes:
Portal Geo, Portal de Periódicos em Geociências da USP, sites do Museu da República e CNFCP.