O Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio, reforça a importância do olhar atento e sensível de educadores e familiares para a saúde mental de crianças e adolescentes. É fundamental compreender vulnerabilidades e fortalecer vínculos de cuidado, diálogo e proteção.
Criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a campanha busca dar visibilidade ao tema, combater estigmas e incentivar a procura por ajuda profissional. Em 2025, o lema é “Conversar pode mudar vidas”.
Uma realidade global
O suicídio é uma questão de saúde pública global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em pesquisa de 2019, mais de 700 mil pessoas morrem todos os anos dessa forma — número que pode ultrapassar 1 milhão com as subnotificações. No Brasil, a média é de 14 mil mortes por ano, ou seja, cerca de 38 pessoas por dia perdem a vida dessa forma.
Além dos números gerais, os índices entre crianças e adolescentes também são alarmantes. Segundo levantamento da Secretaria de Vigilância em Saúde — divulgado pelo Ministério da Saúde em 2022 —, as taxas de mortalidade por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos cresceram quase 50% entre 2016 e 2021. Já na faixa etária de 10 e 14 anos, o aumento foi de 45% no mesmo período.
Vulnerabilidade de jovens na cultura digital
O suicídio já é a terceira principal causa de morte entre adolescentes no Brasil. Além de fatores emocionais e familiares, a cultura digital tem ampliado riscos e pressões.
- Comparação constante com padrões irreais de vida;
- Pressão por desempenho e aceitação em redes sociais;
- Episódios de cyberbullying;
- Exposição excessiva da intimidade;
- Participação em “desafios” perigosos.
Essas experiências podem intensificar sentimentos de angústia, isolamento e desesperança.
Nesse cenário, a educação midiática é essencial: ajuda jovens a desenvolverem pensamento crítico, autonomia e segurança emocional, a reconhecerem riscos online e a construírem uma relação mais saudável com as mídias digitais.
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Papel da família, da escola e da sociedade
Prevenir significa, sobretudo, acolher. Conversar sobre sentimentos, valorizar o espaço de escuta, identificar sinais de sofrimento e buscar apoio profissional são atitudes fundamentais. Famílias, escolas e a sociedade como um todo podem contribuir criando ambientes de confiança e respeito que favoreçam a expressão e o bem-estar dos jovens.
A educação socioemocional também tem papel decisivo neste contexto, ajudando crianças e adolescentes a lidar com emoções, desenvolver empatia, estabelecer relacionamentos saudáveis e enfrentar situações de pressão ou conflito.
Programas e práticas que fortalecem competências socioemocionais podem reduzir riscos de sofrimento psicológico e comportamentos autodestrutivos, promovendo maior resiliência e equilíbrio emocional.
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Fatores de risco: cuidado redobrado
De acordo com a cartilha “Suicídio – Informando para prevenir” (ABP/CFM), os fatores de risco incluem, entre outros, doenças mentais, aspectos psicológicos e sociais, condições de saúde limitantes, traumas na infância e na adolescência e histórico de tentativas anteriores. Idade e gênero também são relevantes: o índice é mais elevado entre jovens e idosos e três vezes maior entre homens.
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Se você ou alguém próximo precisa de apoio, procure ajuda especializada. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece escuta gratuita e sigilosa pelo telefone 188 ou pelo site cvv.org.br.
Fontes:
Setembro Amarelo - Prevenção ao Suicídio - Brasil
Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP
Cartilha “Suicídio – Informando para prevenir" (ABP/CFM)