O Rio Acari tem sua nascente na Serra de Gericinó, no extremo oeste da cidade, e vai desaguar no Rio Meriti, no município de Duque de Caxias. Mas, apesar dos 20 km de extensão, seu nome só se tornou conhecido com o batismo do bairro localizado na Zona Norte, principalmente depois que ele deu nome, também, a uma das estações da linha dois do metrô – Acari/Fazenda Botafogo, inaugurada em 1998. O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla também incorporou a referência, sendo popularmente conhecido como Hospital de Acari.
Bairro de classe média baixa, faz limite com Pavuna, Costa Barros, Coelho Neto, Parque Colúmbia, Irajá, Colégio, Jardim América e Barros Filho. Na verdade, é a junção de cinco localidades: o Parque Proletário Acari, a Vila Rica de Irajá, a Vila Esperança, o Coroado e o Conjunto Residencial Areal, ou Conjunto Amarelinho, construído no fim dos anos 1950 junto à Avenida Brasil. Graças à inauguração desta via de acesso, em 1946, se intensificou a ocupação do complexo, em especial pela chegada de migrantes vindos da Região Nordeste em busca de trabalho no setor industrial. Atualmente, é na Central de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa), do lado oposto da Avenida Brasil, que trabalha um grande número de moradores de Acari. O bairro conta com seis unidades escolares da Rede Municipal de Ensino.
Até o século XIX, a região era rural e se destinava essencialmente ao plantio de cana-de-açúcar. Com a implantação da Estrada de Ferro Rio D’Ouro, em 1875, pequenos núcleos de povoação surgiram ao redor e, mais tarde, alguns loteamentos. A estação ferroviária do bairro foi inaugurada em 13 de maio de 1926. Após a desativação da ferrovia, no fim da década de 1960, o prédio foi também demolido.
Vinculado à XXV Região Administrativa, Acari possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade. O que não afugenta a alegria da população, já que, no bairro, existem pelo menos duas escolas de samba – a Corações Unidos do Amarelinho e a Favo de Acari. Por um carnaval apenas, elas se uniram para formar a Corações Unidos de Acari, mas já se separaram novamente.
Manchetes de jornal
Acari ultrapassou as fronteiras nacionais ao ganhar notoriedade na mídia por meio do grupo das Mães de Acari. Já comparado às Mães da Praça de Maio argentinas, o grupo de mulheres vem buscando elucidar o que teria acontecido a três moças e oito rapazes desaparecidos de um sítio no distrito de Suruí, em Magé, na Baixada Fluminense, em 26 de julho de 1990. Os jovens moravam na Favela de Acari ou nas proximidades e tudo indica que tenham sido vítimas dos chamados Cavalos Corredores, policiais envolvidos com extorsão e roubo de cargas. Embora a Anistia Internacional tenha pedido proteção para as famílias das vítimas em 1992, no ano seguinte Edméia Euzébio, uma das Mães de Acari, também foi assassinada, num crime até hoje não solucionado.
Na esteira desses acontecimentos, em 1994 Caio Fábio D'Araújo Filho fundou um projeto que também conquistou grande visibilidade no exterior, considerado o maior da América Latina na época: a Fábrica de Esperança. Aproveitando o prédio de seis andares de uma fábrica, abandonado depois de um incêndio parcial, o pastor criou uma organização não-governamental que oferecia cursos profissionalizantes, serviço de creche e atendimento médico. Graças a parcerias com o governo federal e com empresas privadas, a iniciativa chegou a ter 55 projetos sociais, contribuindo efetivamente para diminuir a violência na região, e chegou a receber a visita de Fernando Henrique Cardoso, durante seu primeiro mandato na presidência da República.
Fontes:
FREIRE, Leticia de Luna. Tecendo as redes do Programa Favela-Bairro em Acari. Dissertação de mestrado em Psicologia Social. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005.
LETIERE, Robson. Rio Bairros. Edição independente.
Portal Geo Rio
Site da Prefeitura do Rio de Janeiro
SOUZA, Marcos Alvito Pereira de. As cores de Acari: uma favela carioca. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2001.