O início do ano letivo de 2022 evidenciou os desafios gerados pelo distanciamento social vivenciado durante os dois anos anteriores. Contexto esse que trouxe consigo perdas e incertezas quanto ao futuro, além de crescente pobreza, medo, tristeza e ansiedade. Preocupada com as respostas dos jovens frente a essa situação no cotidiano escolar; com os pedidos de ajuda de alguns estudantes e seus responsáveis; e preocupada com os impactos no processo de aprendizagem, a direção da E.M. Cívico Militar Carioca encomendou à equipe do Programa Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (Proinape) um trabalho que pudesse oferecer suporte a esses estudantes.
Assim, essa ação, dentre outras que foram realizadas na mesma escola, foi construída a partir dos seguintes objetivos:
Realizamos nossos quatro primeiros encontros com rodas de conversa, durante as quais os estudantes puderam expor sentimentos, angústias, aflições e temas de que gostassem de falar. As principais demandas estiveram relacionadas a saúde mental e conflitos na convivência familiar e escolar, conjugadas aos atravessamentos das adolescências.
Nos encontros seguintes utilizamos técnicas do Teatro do Oprimido com as quais os estudantes puderam vivenciar as situações expostas nas rodas, ou refletir e agir, utilizando a técnica do Teatro-Fórum.
Para finalizar, criamos um filme-carta com o propósito de inserir no projeto tudo o que havia sido debatido e refletido nos encontros. Assim, os estudantes puderam construir uma história juvenil com toda a emoção e conflitos da adolescência. Eles participaram de todas as etapas do processo – da criação do roteiro e edição das imagens à narração e edição dos textos.
Este trabalho atingiu diretamente 11 alunos do 7° Ano da unidade e reverberou em toda comunidade escolar, com desdobramentos positivos.
A partir das conversas com o grupo, foi possível promover uma troca de experiências que permitiu que os estudantes pudessem colaborar uns com os outros em seus processos. Pudemos também nos aproximar daqueles que apresentavam necessidade de acompanhamento e orientação e, junto com seus responsáveis, pensar possibilidades de intervenção.
Outro ponto positivo foi a possibilidade de, a partir das técnicas utilizadas, trazer os estudantes para o protagonismo da ação, ajudando-os a refletir e buscar alternativas para os impasses apresentados e a adquirir novas ferramentas pessoais.
Num rápido retrospecto, a gestão da escola relatou avanços nas interações sociais dos estudantes; os responsáveis observaram progressos na resolução de conflitos e melhoria na saúde mental; e os próprios estudantes manifestaram um convívio cordial e harmonioso.