Nosso primeiro passo foi promover um encontro com os professores da Educação Infantil do Ciep Antonio Evaristo de Moraes, depois de solicitação da direção e da coordenação pedagógica da escola. A demanda surgiu em função da dificuldade que os professores manifestavam diante dos desafios do trabalho no pós-pandemia. Utilizamos a metodologia da roda de conversa cujo conteúdo ateve-se a questões como retorno no pós-pandemia, relações de trabalho com os atores do universo escolar e a necessidade de dar conta de todas as cobranças.
Iniciamos nossa atuação com perguntas disparadoras de reflexões em torno dos desafios no trabalho, assim:
Esse foi o momento em que a palavra circulou entre as participantes. Ao final, nossa equipe leu uma poesia sobre a potência das palavras no ato de educar, utilizando ainda algumas falas das participantes quando questionadas sobre O que é ser professor?, descrita abaixo. O encontro contou com a presença de 14 professoras.
O que é ser professor?
O que é escola? O que é? “É uma ilha cercada de gente por todos os lados” (Paulo Freire). Tem professor? É, o professor é uma ilha cercada de alunos por todos os lados. Mas tem funcionários, responsáveis, alunos... E algumas escolas ainda têm que lidar com empresários da região. Tiroteios, ameaças, violência... Tem violência na escola? Tem! E onde não tem? Onde começa a violência? Onde começa? Onde? Está na palavra? Nas ações? Nos palavrões? Será que a palavra em si, mesmo sendo palavrão, já é violência? Será? Será? Será? Ah, as palavras! O que são? As palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos! O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro… tudo adormecido. “O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar”. (Rubem Alves) Chama! Desperta! Educa! E a escola? E os alunos? E o professor? E os responsáveis? Todo mundo convivendo na escola... É possível? É possível? É? Projetos humanos são construídos em rede. Nunca sozinhos! Mas a rede está um pouco desgastada, é verdade. Mas é possível! É difícil! E lembrando: ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais!.
Foi uma atividade pontual, mas atingimos o objetivo proposto, que foi gerar reflexões acerca do tema, o que ficou explicito nas falas das participantes:
— Foi um momento bom, de troca;
— Saí energizada;
— Mais momentos como esse precisam acontecer!
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 6. ed. Campinas: Papirus, 2000.
FREIRE, Paulo. A escola. Nova Escola, n. 163, jun-jul., 2003.