Para iniciar os debates sobre racismo estrutural com os alunos, em fomento ao projeto AfroRaja desenvolvido pelo GET Raja Gabaglia, foi desenvolvido um livro inicial que expunha alguns aspectos sobre o tema. A ideia de construir um livro para ser utilizado com recurso pedagógico central para os debates, surgiu através das demandas e direcionamentos dos planos de ações estabelecidos para este ano, que focavam na participação cidadã dos alunos e na produção de um produto final que representasse o desenvolvimento de seus aprendizados.

Nos debates iniciais, os alunos foram convidados a inserirem novos tópicos neste livro, para de fato, tornar-se um livro colaborativo da EJA. Assim, tópicos como o teste do pescoço, decolonialidade, possíveis casos de racismo estrutural na sociedade, exposição de trabalhos realizados na escola sobre este tema, e também, relatos pessoais sobre racismo, foram inseridos no livro. Além de todas estas inserções, os alunos foram convidados a construírem um audiobook do livro, favorecendo a inclusão de pessoas cegas ao texto, e também, favorecendo a disseminação e escuta do mesmo pelas mídias sociais.

O livro colaborativo EJA, com o título Coincidências ou Racismo Estrutural foi completamente editado, e disponibilizado digitalmente pelo instagram para melhor disseminação dos conteúdos. Além disso, os alunos e alguns profissionais da educação concluíram, colaborativamente, o audiobook, onde a narração de todo o conteúdo do livro foi divulgado e acessado por qr code impresso. Além disso, foi realizada uma impressão e encadernação do livro para exposição física. Os resultados deste projeto foram discutidos no Seminário de Práxis da EJA/2024, além do livro ser exposto na íntegra na ExpoEJA/2024.

Vale ressaltar, que no seminário em questão, realizado em roda de conversa, incitou ótimos debates e reflexões sobre o tema racismo estrutural. O livro possui bastante profundidade em alguns tópicos que enalteceram o debate, como a pintura realizada por uma de nossas alunas, que valoriza os avanços que tivemos desde a época da escravidão, como também um relato pessoal de uma de nossas alunas extremamente visceral e estarrecedor. A exposição do QRCODE para acessar o audiobook, foi um ponto curioso e crucial para demonstrar a capacidade do público do EJA em letrar-se digitalmente, por intermédio do desenvolvimento de ações que utilizem TDICs em seus processos de aprendizagem, de maneira criativa, protagonista e colaborativa.

A metodologia de aprendizagem baseada em projetos, possibilitou desde o início a formulação de uma ação que deixasse no final das aulas um produto que fomentasse a participação cidadã dos alunos, contribuindo com a comunidade escolar, e quiçá, com toda a sociedade reverberando reflexões atuais e urgentes para a justiça racial em nosso país. Os alunos foram agentes ativos deste processo, gerando sentimento de pertencimento e perseverança para a construção de uma sociedade cada vez mais desigual.

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O maior impacto identificado durante o desenvolvimento deste produto final, foi o de constatação do racismo estrutural em nossa sociedade. Além disso, a relevância dos relatos dos próprios alunos para favorecimento da conscientização de outros alunos que não são tão impactados pelo racismo. O sentimento de pertencimento e participação cidadã na construção do livro também se destacou, onde muitos alunos se demonstraram orgulhosos em produzir algo tão "culto" e "inovador".

O convite para apresentação do projeto no Seminário de Práxis da EJA e ExpoEJA encantaram os alunos, além do orgulho contagiante dos mesmos ao produzir um livro de maneira colaborativa, tão atual, importante e com pitadas de tecnologia, considerando a construção de QRCODE para acessar o audiobook narrado por eles. Enfim, o maior impacto foi a transformação dos "achismos" em "consciência negra", enriquecendo a empatia, criticidade e capacidade de análise de nossos alunos.