ALEKSANDRA STAMBOWISKY DE CARVALHO
É mestra em Relações Étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (2016) e graduada em História pela Universidade Estácio de Sá (2011). É docente dos anos iniciais da Educação Básica na Secretaria Municipal do Rio de Janeiro desde 2005. Desempenhou a função de formadora na Formação Continuada para Alfabetização na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando nos e com os territórios da 8ª e 1ª Coordenadorias Regionais de Educação. Atualmente, leciona na Educação de Jovens e Adultos e atua como Coordenadora Técnica do curso "Território Educador", idealizado e realizado pela Gerência de Relações Étnico-raciais.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professor II
A ideia de conceber um jogo da memória com o tema “Circuito Sambódromo” surgiu a partir do desejo de revisitar memórias, histórias e saberes acionados na aula-passeio ao entorno do CIEP, ocorrida em 19 de maio de 2024.
Tendo como base o objetivo "Reconhecer os patrimônios naturais e os patrimônios culturais com maior e menor visibilidade social, especialmente do Rio de Janeiro, do Brasil e da América-latina",essa atividade atende ao nosso plano das dimensões e celebra os 40 anos do Sambódromo, local que nos abriga.
Além de exercitar os eixos da alfabetização (ANDRADE, 2019) - leitura, escrita, oralidade e análise linguística -, o recurso pedagógico visou reduzir as lacunas dos alunos faltosos que, através dos registros fotográficos e das memórias coletivas, puderam ser incluídos, participando da sequência de atividades propostas.
Em 19 de maio de 2024, as turmas do PEJA I, blocos I e II, saíram da Unidade Escolar para uma aula-passeio no entorno. O roteiro começou com a visita à arquibancada do setor 12, local onde o CIEP funciona, passando pelo camarote da cidade, Avenida Salvador de Sá, entre outros. O roteiro foi concluido no mural em homenagem à Tia Alice e a Dominguinhos do Estácio, no condomínio ao lado do CIEP.
Diante da riqueza e da potência do circuito, refletimos sobre as ressonâncias da experiência. Nesse sentido, as alunas e alunos foram convidados para uma roda de conversa onde cada um recebeu uma fotografia em tamanho A4 com um registro realizado no circuito, sendo convidado a identificar o local, nomeá-lo e, ordená-lo de acordo com a sequência percorrida no roteiro da aula-passeio.
Posteriormente, eles foram convidados a registrar o nome do local em um pedaço de folha de ofício que, posteriormente, junto com as fotografias, gerou um cartaz e foi fixado em um espaço da sala de aula.
Pensando na fixação da atividade e nos processos de alfabetização e letramento da turma, cada estudante recebeu as mesmas fotografias, as recortou e colocou no caderno, relacionando-as a grafia dos nomes dos locais escritos em Língua Portuguesa e em Libras.
A atividade contou com o envolvimento e a participação de todos os discentes que passaram a recorrer ao cartaz sempre que queriam citar algum fato vivido no “Circuito Sambódromo”. Diante do interesse das alunas e alunos, fomos à sala de leitura para realizar uma visita virtual no Google Maps. Optamos por utilizar a ferramenta para refazer o “Circuito Sambódromo”, revendo os locais que percorremos diariamente. A proposta colaborou com o letramento digital dos alunos, pois a maioria ainda não havia utilizado o aplicativo.
Ainda como desdobramento, lemos o poema “Rio Cultural”, de Amanda Rosa, que consta na 9ª página do Material Rioeduca. Também realizamos as atividades das páginas 7 e 10.
Dando continuidade aos estudos, assistimos os vídeos “Próxima parada: Rio – Pequena África” e “Rio de Janeiro em um pulo”. Registramos os nomes dos lugares citados no quadro e nos cadernos, fazendo uma enquete onde identificamos quais eram conhecidos ou não. Aproveitamos o exercício para identificar os bairros dos locais citados no poema e nos vídeos.
No dia seguinte, cada aluno recebeu um conjunto de cartas com as imagens daqueles locais. Para facilitar a localização, criei uma legenda atribuindo cores especificas para cada região da cidade. Assim, poderíamos perceber as áreas com maior e menor concentração de equipamentos culturais, além de criar a partir do nosso repertório através da criação das nossas próprias cartas.
Ao materializar nossos estudos em cards pedagógicos - jogo da memória-, objetivamos abordar a fixação dos conteúdos através da ludicidade, colaborando com a alfabetização e o letramento dos discentes que puderam manipular as cartas (e suas informações) com autonomia.
A ludicidade do material, o fato de ter partido dos lugares familiares, o uso de imagens reais, são alguns elementos que destacamos nessa construção coletiva que primou pela alteridade, as culturas e o respeito ao grupo.
Os resultados puderam ser observados através da participação ativa e do interesse dos estudantes. Seus relatos e contribuições foram marcados pelas memórias e narrativas, individuais e coletivas, desnaturalizando e, quem sabe, ressignificando a relação com os lugares cotidianos.
ANDRADE, Ludmila Tomé de. Alfabetização inicial e continuada: oralidade, leitura, escrita e análise linguística. Revista Contemporânea de Educação, v. 14, n. 29, jan/abr. 2019http://dx.doi.org/10.20500/rce.v14i29.17132
Material Rioeduca 2024