Buscamos promover um letramento racial que dialogue com o desenvolvimento de outras habilidades - Almanaque Alfabetizador Antirracista. Colamos o conteúdo nas paredes da sala, como um alfabetário e o interesse de cada criança orientou a nossa caminhada. As sugestões literárias e os territórios cariocas do almanaque despertaram grande atenção e interesse. Assim, nasceu o Cantinho da Leitura Carolina Maria de Jesus, onde ocorrem rodas de leitura com as crianças e com convidados. O material RioEduca foi agregador com o texto sobre o Cais do Valongo, uma memória viva do nosso passado e do legado africano no Brasil. Explorar esse texto foi uma oportunidade para refletir sobre o “apagamento histórico” e a importância da memória coletiva. Pesquisamos na internet sobre o Cais do Valongo e com essas informações brincamos de palavra cruzada, atividades muito apreciadas pelas crianças. Na letra F do almanaque, introduzimos a discussão sobre favela e moradia, refletindo sobre o que vemos de nossas janelas e o que gostaríamos de ver. Esse exercício permitiu que as crianças expressassem o olhar que têm sobre o mundo e o desejo de um futuro melhor para nossas vidas e sociedade. O livro “Da minha janela” de Otávio Junior é uma obra querida pela turma e a partir dele as crianças desenharam o que suas janelas mostram e o que gostariam que elas mostrassem. Em paralelo ao almanaque, surgiu o tema da redação do ENEM 2024 então nos aventuramos a elaborar uma produção textual, um convite para que as crianças expressassem seu entendimento sobre o tema. O resultado foi emocionante. Um dos temas abordados neste ano foi o conceito de afrofuturismo, onde as crianças puderam através da releitura e reflexão do quadro “A Negra” de Tarsila do Amaral repensar o papel da mulher negra ao longo da nossa história. Refizemos o quadro numa perspectiva afrofuturística, nomeando cada mulher!
O entusiasmo das crianças e o ímpeto em disseminar o letramento racial com seus pares e familiares é incrível. O letramento racial é transformador, desperta nas crianças a consciência crítica necessária para a melhoria da nossa sociedade rumo ao antirracismo, respeito e equidade. A releitura do quadro de Tarsila do Amaral foi apresentado na 12ª jornada de educação e relações étnico-raciais com a Gerer no Museu de Arte do Rio em dezembro de 2024, onde pude explanar um pouco mais da necessidade de, junto com nossas crianças, repensarmos, refletirmos e readequarmos o como nossa sociedade vinha conduzindo a nossa cultura negra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alamanaque Alfabetizador Antirracista http://www.ppgeb.cap.uerj.br/wp-content/uploads/2022/03/Marcelha-PRODUTO-VERSAO-DIGITAL-compactado.pdf