LUCIENE ALBERNAZ DIAS
Luciene Albernaz Dias, professora, mãe, 33 anos. Professora Adjunta de Educação Infantil desde agosto de 2024, servidora desde junho de 2018, tendo sido AAEE (agente de apoio à educação especial). Formada em Pedagogia pela UERJ, pós graduada em Educação Especial e Inclusiva pela faculdade São Luís e em Psicomotricidade pelo Instituto Rhema Educação.
Membra do coletivo CirandErê: primeiro coletivo de educadores antirracistas da Educação Infantil Carioca e Contadora de Histórias de Inspiração Griô e Literatura Infantojuvenil Negra pelo Cultura Arte e Griô.
Apaixonada pela educação, sempre em busca de conhecimento e boas práticas que agreguem meu trabalho e vida pessoal.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: PAEI
Promover o respeito, a valorização e a preservação das culturas e conhecimentos dos povos indígenas;
Integrar a história, a língua, os costumes e as visões de mundo indígenas no currículo escolar;
Oferecer uma educação inclusiva e antirracista;
Desconstruir estereótipos e preconceitos, fortalecendo a conscientização contra a discriminação e o racismo;
Reconhecer a contribuição histórica dos indígenas na formação do Brasil.
Baseado no PPA da unidade: "EDI FERNÃO DIAS VIAJA NO TEMPO: DOS DINOSSAUROS A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL" e no plano das dimensões, durante o segundo bimestre sob a temática: "POVOS ORIGINÁRIOS: NOSSAS RAÍZES, NOSSA CULTURA”, a unidade realizou um trabalho de imersão nas culturas indígenas e africana, iniciando pela etapa de pesquisa e separação dos materiais e culminando na semana do Circuito de Vivências Indígenas.
O material norteador escolhido foi o livro Kijetxawê Zabelê: Aldeia Kaí/ Organizadoras, Laura Castro, Cacá Fonseca. Salvador: Sociedade da Prensa/EDTÓRA, 2019, construído por estudantes e professores Pataxó da Escola Estadual indígena Kijetxawê Zabelê.
Para complementar o livro, utilizou-se do álbum "Nãnde Reko Arandu" que contém cantos e músicas da tradição dos índios Guarani, entoados por 11 corais infanto-juvenis.
Após todo o trabalho de pesquisa, repasse aos profissionais da unidade e dos trabalhos desenvolvidos em sala por cada turma, ocorreu a culminância durante toda uma semana, preparada com muito carinho e cuidado, tendo contado com a ajuda indireta das famílias e comunidade escolar no oferecimento de alguns dos materiais utilizados, bem como de profissionais na doação de recursos pedagógicos.
Abrindo a semana de atividades, as crianças do maternal II contaram com a estação do faz de conta que teve como elemento central o urucum, apresentado às crianças em seu formato fruto, sementes e pó junto de utensílios do dia a dia tais como colheres de pau, panelas, cestos de palha, folhas verdes, pedras, rolhas, gravetos, clavas, etc, que permitissem a experimentação do mundo cotidiano, mostrando o que conhecem, suas dúvidas e ideias. Envolvendo todo um jogo dramático, as crianças puderam ainda experimentar diferentes sensações táteis.
Dando continuidade ao circuito de vivências indígenas, as turmas da pré-escola II da manhã reproduziram grafismos indígenas presentes no livro "Kijetxawe Zabele" da Aldeia Kai usando giz e carvão enquanto que as turmas da pré-escola II da tarde usaram tintas naturais feitas com urucum, açafrão, café e beterraba.
As turmas de pré-escola I puderam participar de um momento sensorial envolvendo alguns alimentos de origem indígena, as crianças iam em pequenos grupos explorar a mesa de alimentos, conhecendo seu nome, textura, cor, peso, aroma e, ao final todos em roda, fizeram a degustação de alguns dos alimentos de origem indígena que encontramos em nosso cardápio escolar (mandioca, mamão e melancia).
Na estação de modelagem, as turmas de pré-escola II colocaram a mão na argila e produziram panelas, vasos e o que mais a imaginação permitisse inspirando-se nos artefatos de barro apresentados a eles.
Encerrando o circuito das vivências indígenas com a estação "Rio e Natureza". As crianças conheceram a história de "Iamani, a mãe d'água", produzido pelas crianças da escola "Kijetxawe Zabele". Após a contação, puderam pescar lindos peixinhos e, ao final fizemos uma brincadeira cantada sobre as marés.
O desenvolvimento deste trabalho na unidade permitiu que educadores, crianças e familiares ampliassem seu repertório cultural e cognitivo, aprendendo juntos a valorização da diversidade cultural, o ensino de valores ambientais e de sustentabilidade, o desenvolvimento da empatia e da consciência social, o fortalecimento da educação inclusiva e democrática e, acima de tudo, "desfolclorizar" a visão do indígena.
As crianças passaram, em sua maioria a se referir ao indígena da forma adequada, entender que eles possuem acesso à tecnologia, que podem estar inseridos em ambientes urbanos, que não são personagens.
As propostas realizadas durante o circuito foram muito bem recebidas pelas crianças que se envolveram nas atividades e adoraram seu espaço de protagonistas das vivências, sem grandes interferências.
Kijetxawê Zabelê: Aldeia Kaí/ Organizadoras, Laura Castro, Cacá Fonseca. Salvador: Sociedade da Prensa/EDTÓRA, 2019
Ñande Reko Arandu: memória viva guarani, CD MGV 2001.13326/98