FERNANDA CONDE COLLARES XAVIER
Fernanda Conde Collares Xavier: Mestre em Novas Tecnologias Digitais na Educação pela UniCarioca (2024), bacharel em Psicologia pela Universidade Gama Filho (1990), com Especialização em Educação e Reeducação psicomotora pela UERJ (2001) e em Transtorno do Espectro do Autismo (2020) pelo CBI of Miami. Cursos de Extensão Universitária em atendimento Educacional Especializado para Estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo pela UFERSA (2020), Educação Infantil pela Pontifícia Universidade Católica Do Rio de Janeiro (2001) e Alfabetização e Letramento de Pessoas com Deficiência Intelectual sob o Viés do PEI pela UERJ (2024). É professora da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro desde 1987. Tem experiência na área de Educação Infantil e atualmente trabalha atualmente com Educação Especial.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: PEF
O projeto teve início a partir da percepção da falta de interação entre alunos da classe especial (CE) e as turmas regulares, já que a escola não possuía horário de recreio. Sem convivência, os alunos da CE eram vistos, muitas vezes, apenas a partir da curiosidade ingênua em relação às suas deficiências e pré conceitos estereotipados.
Para iniciar o projeto era necessário que os alunos da CE pudessem se reconhecer como indivíduos únicos e parte integrantes de um grupo. Para isso, realizou-se uma pesquisa com responsáveis sobre as preferências e histórias dos alunos, pois muitos da CE não se comunicam oralmente. Com base nos relatos, foram criados pelos alunos livros individuais onde puderam se expressar em interações em sala de aula e contar suas histórias por meio de desenhos, pinturas, colagens, escrita e pictogramas de Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA). Para fortalecer a identidade grupal, jogos de Wordwall foram enviados aos responsáveis via WhatsApp, ajudando no reconhecimento do próprio nome e dos colegas.
A compreensão da deficiência como experiência sociológica e a importância do rompimento de barreiras atitudinais - muitas vezes imperceptíveis e deixada como herança pelos adultos que se socializaram em uma cultura capacitista -, foi abordada através de vídeos sobre inclusão, como “Yan” e da dinâmica de grupo "Como é doce te conhecer", em que pirulitos coloridos guiavam perguntas sobre histórias pessoais. Alunos da CE usaram seus livros para se apresentar - por fala, produções ou comunicação alternativa com pictogramas - aos colegas sem deficiência, contando sobre suas preferências por times, cores, alimentos, entre outros. Após várias atividades pedagógicas e brincadeiras realizadas com a turma regular, criou-se um grande livro coletivo reunindo descobertas sobre todos os alunos. Por fim, foi construído um grande painel de conscientização que foi exposto para a comunidade escolar, em que os colegas sem deficiência mostravam como passaram a enxergar os alunos da CE, após a convivência e interação.
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