FERNANDA CONDE COLLARES XAVIER
Fernanda Conde Collares Xavier: Mestre em Novas Tecnologias Digitais na Educação pela UniCarioca (2024), bacharel em Psicologia pela Universidade Gama Filho (1990), com Especialização em Educação e Reeducação psicomotora pela UERJ (2001) e em Transtorno do Espectro do Autismo (2020) pelo CBI of Miami. Cursos de Extensão Universitária em atendimento Educacional Especializado para Estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo pela UFERSA (2020), Educação Infantil pela Pontifícia Universidade Católica Do Rio de Janeiro (2001) e Alfabetização e Letramento de Pessoas com Deficiência Intelectual sob o Viés do PEI pela UERJ (2024). É professora da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro desde 1987. Tem experiência na área de Educação Infantil e atualmente trabalha atualmente com Educação Especial, como AEE.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: PEF / AEE
Segundo o IBGE (2022), cerca de 18,6 milhões de brasileiros com 2 anos ou mais de idade possuem deficiência. No entanto, esse grupo ainda é visto como minoria social incapaz, cujas dificuldades apresentadas pela deficiência ainda são buscadas na lesão. apesar da ressignificação do conceito de deficiência, relatada pela Lei no 13.146/2015, que passa a focar na interação desse corpo com as barreiras. Dessas barreiras, as atitudinais são as mais perigosas, pois alicerçam todas as outras e trazem olhares negativos em relação às pessoas com deficiência. Por trás dela está o capacitismo, nome novo de um preconceito histórico, que ainda se apresenta no imaginário coletivo, principalmente nos adultos, por terem crescido em uma cultura preconceituosa.
Diante disso, para que as crianças possam perceber a singularidade que torna cada sujeito único e construir reflexões sobre a pluralidade, como proposto no Currículo Carioca, será preciso romper com a herança capacitista passada pela família.
O PPP do EDI denomina-se “Semeando valores” e tem como objetivo difundir, em todos que fazem parte da comunidade escolar, valores éticos básicos indispensáveis à formação do ser humano e de suas relações sociais.
Sendo o preconceito estrutural uma construção social, é a partir do PPP e de inquietações surgidas diante incompreensão dos responsáveis em relação à inclusão, que surge a necessidade de elaboração de um projeto que fosse capaz de criar pontes para uma maior conscientização em relação à inclusão e combate ao capacitismo.
Para implementá-lo, foi confeccionada e lacrada uma caixa com os dizeres “Nada sobre nós, sem nós!”, para que os pais das crianças PCDs pudessem deixar desabafos anônimos que foram, posteriormente, transcritos e lidos durante dinâmicas de grupo em encontros. No primeiro encontro, foi realizada uma brincadeira em que os responsáveis precisavam chegar à sala conectados e unidos apenas por lápis. Essa dinâmica proporcionou muitas reflexões relacionadas à aceitação das diferenças.
A seguir, foi passado um vídeo sobre inclusão e realizada uma roda de conversa com um carinhoso lanche, que trouxe depoimentos emocionados, que continuaram a ser relatados após o estouro de balões de gás e da leitura das frases, que foram separadas em “O mundo que queremos” e “O mundo que não queremos” e da montagem de um quebra-cabeça com frases sobre inclusão.
A partir dessas falas, foi elaborado e compartilhado no grupo de Whatsapp um questionário digital no Forms da Microsoft, para que todas as famílias do EDI respondessem. Com base nessas respostas, foi confeccionada e disponibilizada uma cartilha digital com um novo questionário, para averiguar se os responsáveis haviam aprendido algo após a leitura do material. Em seguida, os dados dos dois questionários foram comparados através de gráficos disponibilizados pelo Forms da Microsoft e puderam dar uma visão geral das mudanças ocorridas nas concepções que as famílias tinham e que passaram a ter sobre inclusão, deficiência e capacitismo.
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