PATRICIA BRITO CAMPOS BRAGA
Me chamo Patrícia Braga, sou criativa, aventureira, estudiosa e assim como Pedro ll, amante das artes e das ciências. Como sou apaixonada pelo corpo humano em sua pluralidade e inteireza a Educação Física me arrebatou com sua tamanha possibilidade de atuação. E foi assim que em 1993 me formei em Educadora Física pela Universidade Gama Filho, onde logo em seguida, na mesma instituição concluí a Pós-graduação em Formação de Docentes para o ensino Superior.
Trabalho com fitness para crianças e adultos na rede privada desde então. Em 2003 ingressei na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro através de concurso público, como professora de Educação Física Escolar. Onde, em 2012, tive a oportunidade de fazer dupla regência na Sala de Leitura e nunca mais saí.
Ao longo dos anos desenvolvi uma abordagem pedagógica onde levo a Corporeidade para várias áreas do conhecimento, reconhecendo a literatura como linguagem desencadeadora e fomentadora de uma perspectiva multimodal da educação.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professora de Educação Física P1 / Leitura nas Infâncias / Roda de Leitura
Tal proposta tem como objetivo contextualizar o bullying através de uma perspectiva multimodal da educação, onde o método científico infantil assume o principal viés do processo. Colocando a criança como protagonista de seus saberes ao vivenciarem brincadeiras, jogos, experimentos e musicalização envolvendo a mesma temática (bullying). Foi utilizado a abordagem dialética, observacional, descritiva, exploratória e qualitativa, concentrando-se em cinco etapas: observação, questionamento, formulação de hipóteses, realização de experimentos e conclusão, respeitando assim, os direitos de aprendizagem garantidos na base nacional comum curricular.
A busca constante por diversificar a educação no cotidiano, assume aqui uma metodologia de investigar. Tal proposta possibilita o despertar do senso crítico nas crianças, desenvolvendo autonomia e a capacidade de tomar decisões. Portanto, ensinar ciência é construir o aprendizado sobre o mundo em suas reais dimensões.
Na dinâmica escolar, as crianças eram envolvidas constantemente por empasses na disputa de brinquedos, ordem de chegada e também nas demais questões envolvendo direitos e respeito nas regras de convivência em sociedade. Palavras de aspereza, xingamentos, conflitos físicos, se desdobravam sob o olhar do bullying. Assim o tema surgiu, no chão da escola, onde o protagonismo infantil nos deu pistas para as demais etapas, as quais partiram da mediação de leitura da história "O Segredo de Lila Liloca", de Lúcia Guimarães, editora Volante.
1. Observação: Inúmeras vezes as crianças eram envolvidas e também presenciavam às questões supracitadas em diferentes momentos no cotidiano escolar. Os permanentes conflitos geravam tristeza, medo e desconforto emocional entre os mesmos.
2. Questionamento: As crianças se perguntavam: "Será que gritar, falar mal, xingar, empurrar e bater, não faz o amigo sofrer? Será que causa tristeza no coração do amigo?"
3. Formulação de hipótese: E na tentativa de elaborar uma resposta para explicar como o bullying afeta o corpo e a alma dos amigos envolvidos, surgiu a necessidade de contextualizar essas formulações em um processo investigativo.
4. Realização de Experimento:
Experiência do som: As crianças ao gritarem bem pertinho do sal em cima do plástico, perceberam o quanto o tal assume desenhos diferentes e analisaram como eles se movem. Imediatamente fizeram a associação com o impacto físico dos gritos dentro do nosso corpo (órgãos/fisiologia).
Experiência do Arroz: Colocamos a mesma quantidade de arroz cozido em dois potes de vidro iguais. O primeiro pote, em que as crianças marcaram com uma narrativa gráfica de uma carinha feliz, recebeu palavras de amor, elogios, frases positivas, enquanto o segundo pote, marcado com uma narrativa gráfica de carinha triste, recebeu palavras de aspereza, xingamentos e frases negativas.
5. Conclusão: Após as crianças vivenciarem as seguintes abordagens na sequência pedagógica: mediação de leitura, musicalização, jogos e brincadeiras, experimentos científicos, bem como os registros no caderno das Crianças Cientistas (nome dado pelos alunos através de uma votação para escolher o título). A mensuração foi aferida uma vez por mês, onde as crianças fizeram a observação dos potes e relatavam oralmente para a professora regente, a qual escrevia as características físicas dos dois potes, bem como o registro fotográfico.
Percebeu-se que o arroz cujo recebeu palavras boas permaneceu com as suas características físicas praticamente inalteradas, enquanto o arroz o qual recebeu palavras negativas, teve as suas características físicas completamente transformadas: apodreceu, apresentando núcleos de bolor e na base água com chorume.
Todo o processo dialoga com a linha mater da história "O Segredo de Lila Liloca" e está registrado no arquivo PDF de apresentação anexado.
Desdobrando a etapa 5 do método científico infantil descrito no Relato da Prática, as crianças chegaram à conclusão que o bullying impactou diretamente o arroz, deixando-o podre, e assim, correlacionaram os saberes advindos desta experiência científica com os mesmos impactos que o corpo humano sofre com a negatividade das palavras e ações.
Percebeu-se uma mudança positiva no comportamento nas crianças quanto às questões supracitadas na primeira etapa do Relato da Prática. Todo o processo vivido reverberou em saberes onde a auto regulação das emoções tornou-se evidente nas crianças. E quando surgem conflitos, não revidam mais, ao invés disso falam: "Tem certeza? Pensa bem, vai acabar virando um arroz podre!".
Tal abordagem está relacionada intrinsicamente ao PPP da escola: "GENTILEZA GERA GENTILEZA". Pois para um mundo melhor, uma sociedade mais justa e com mais equidade, as palavras positivas corroboram a intenção de vivermos em um ambiente harmônico e solidário.
Leitura e Escrita na Educação Infantil: do compromisso à prática / CEIPI-Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação, 2024
Currículo Carioca / Educação Infantil / CEIPI-Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação, 2024
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