JORGE CUSTODIO
Professor de geografia. Doutor em Sociologia e Direito (UFF).
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professor I
Caroline Cardoso
Professora de Geografia.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professor I
Angelica Calbinho Ribeiro
Professora de Matemática.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professor I
Considerando a dificuldade de compreender o valor da mulher negra nos relatos de alunos, apesar da existência de recordações socioafetivas, pois, basicamente, expressam apenas referências da branquitude, tornando a negritude invisível culturalmente em suas identidades, resolvemos proporcionar atividades para valorizá-las, a partir de práticas reflexivas ou lógicas discursivas para além dos estereótipos. Temos como apoio as ideias de escrevivências de Conceição Evaristo. Neste sentido, apresentamos novos repertórios socioemocionais que realcem a representatividade e o protagonismo negro na memória coletiva. Trata-se, sobretudo, de reconhecer as contribuições socioculturais da mulher preta para o aluno produzir escrevivências com recordações pessoais e coletivas.
Segundo o relato dos alunos, as recordações individuais de avós, mães, tias e madrinhas como mulheres negras fortes na luta pela sobrevivência da família e de culturas de matriz africanas têm muita relevância, mas, paradoxalmente, com suporte no racismo e no machismo, eles esquecem tais lembranças em termos de representatividade de resistência identitária. A mulher preta, assim, passa por uma desvalorização nas relações sociais e trajetórias pessoais.
Relatamos a vida de Conceição Evaristo para estimular a descrição da presença de mulheres negras na memória dos alunos. Realizamos rodas de conversa ao articular memórias de alunos com o conceito de escrevivência de Conceição Evaristo para ressaltar ligações socioemocionais e heranças culturais com mulheres negras, o que produz novas falas de dor e alegrias nas vidas pessoal e social.
Os professores apresentam contos do livro Olhos D’água, escrito por Conceição Evaristo, para debater com os alunos a força, a ternura e a vida de mulheres pretas, apesar do universo imposto pela pobreza, violência e racismo. Reunidos em uma mesma sala, alunos de diferentes turmas da educação de jovens e adultos da escola dão exemplos similares e reconhecem o que foi narrado nos contos como parte de vivências no cotidiano da favela.
BOSI, E (2023) Memória e sociedade. São Paulo: Companhia das letras.
EVARISTO, C (2016) Olhos d'água. Rio de Janeiro: Pallas.
EVARISTO, C (2017) Ponciá Vicência. Rio de Janeiro. Pallas.
EVARISTO, C (2017) Becos da memória. Rio de Janeiro. Pallas.
NILHA, O (2021) Conceição. Campinas: Mostarda.
SOUZA, N S (2021) Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Zahar.