Produzir um jornal impresso junto aos alunos sempre foi uma ideia da professora Michela Batista, atual diretora da E.M. Barão de Santa Margarida (9ª CRE), uma escola do segundo segmento localizada no bairro de Cosmos, na Zona Oeste do Rio. A viabilização do projeto esbarrava, repetidamente, na falta de insumos e de recursos para impressão, mas a pandemia de Covid-19, que inseriu a internet na rotina da unidade escolar, mostrou que a publicação era possível.
Com as ferramentas digitais absorvidas pelo novo fluxo de trabalho imposto pela pandemia, Michela Batista percebeu que poderia viabilizar um jornal para ser lido apenas na internet, sem custos de impressão. Afinal, alunos, professores, funcionários e responsáveis já haviam se acostumado com o ambiente virtual da escola.
A fim de ajudá-la a tocar o jornal, Michela Batista contratou um ex-aluno da E.M. Barão de Santa Margarida, o estudante de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Pedro Henrique Pimentel Reis. A contratação se tornou possível porque a unidade escolar havia sido agraciada pelo programa Brasil na Escola, do MEC.
Assim nasceu o Se Liga, Barão, jornal em formato PDF, que vem sendo publicado desde maio deste ano. A publicação possibilita a escola trabalhar inúmeros objetivos pedagógicos, como incentivar o protagonismo juvenil, colocar o aluno em contato com vários gêneros textuais e refletir sobre temas relativos à realidade social e ao dia a dia dos estudantes.
A prática
A diretora Michela Batista explica que toda a produção do Se Liga, Barão é feita no contraturno da escola. O projeto tem a participação voluntária dos alunos do 6º ao 9º ano e, segundo ela, a publicação busca abordar os assuntos de interesse da comunidade escolar. Para que este objetivo se reflita no jornal, as pautas são definidas em reunião com os alunos participantes.
Os temas são variados, envolvem tanto informações escolares (como as datas das provas e da Feira de Ciências), assim como as questões atuais. “Na edição de junho, por exemplo, o cyberbullying entrou em pauta. Os jovens estão nas redes sociais e esse problema atinge diretamente os alunos, em seu dia a dia”, disse a diretora.
Além dos assuntos contemporâneos, o Se Liga, Barão também está antenado nas efemérides. Na edição do mês de agosto, o Dia do Folclore foi colocado em foco, com um conto sobre o Anhangá da aluna Marya Eduarda Victoria, e com o mito da vitória-régia, escrito por Yasmin, da turma 1604. Já em outubro, mês das eleições, a segurança das urnas eletrônicas e as fake news foram abordadas. O jornal ainda conta com uma seção fixa: Livro, que sempre traz uma sinopse escrita por um(a) estudante, após a leitura de algum romance.
Como a escola organiza as tarefas do jornalzinho para que todo mês uma nova edição seja publicada? Conforme Michela Batista, as atividades são divididas entre os alunos, sendo elas: fotografia, pesquisa (incluindo entrevistas), escrita, digitação e edição do jornal. Cada um fica responsável por uma tarefa.
Desde sua primeira edição, em maio, o Se Liga, Barão cresceu e ganhou repercussão. Com isso, a diretora da escola convidou o professor Marcus Vinícius Souza Oliveira, regente de Língua Portuguesa, para contribuir com o projeto, que também foi indicado pela 9ª CRE para integrar a Agência de Notícias dos Alunos da Rede (Andar).