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Penha: terra de fé, de craques e de musicalidade
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Publicado em 13/01/2015
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vista penhaO bairro já foi ponto de encontro de artistas consagrados do choro e do samba, como Donga, que lançou Pelo Telefone na festa da Igreja da Penha. Noel Rosa menciona a localidade nos sucessos Feitio de Oração e Meu Barracão. Guio de Morais e David Nasser compuseram o Baião da Penha em homenagem ao templo, anfitrião de quem chega à cidade pelo aeroporto do Galeão. Nos primeiros anos do século XX, quando apenas os ranchos e as grandes sociedades desfilavam pelo Centro, a Penha acolhia também um animado carnaval de rua, com a presença de blocos e escolas de samba.

Reduto do Choro

O intercâmbio entre gerações, possibilitado pelas rodas promovidas em toda a região da Leopoldina na década de 1970, deu uma contribuição valiosíssima à MPB. O Sovaco de Cobra, bar que ficava na Rua Francisco Enes, ganhou destaque ao se tornar o local preferido de importantes músicos, como Abel Ferreira, Dino Sete Cordas, Joel Nascimento, Maurício Carrilho, Zé da Velha, Paulo Moura, Guinga e os irmãos Luciana e Raphael Rabello. A casa foi, também, o berço do grupo {{Os Carioquinhas} Celso Alves da Cruz (clarinete), Celso José da Silva (pandeiro), Luciana Maria Baptista Rabello (cavaquinho), Maurício Lana Carrilho (violão), Mário Florêncio Nunes (percussão), Paulo Magalhães Alves (bandolim), Raphael Baptista Rabello (violão de sete cordas) e Téo de Oliveira (arranjador) formaram o grupo em 1977, o qual gravou um único disco: Os Carioquinhas no Choro. Participaram das gravações Altamiro Carrilho (flauta), Joel Nascimento (bandolim), Zé da Velha (trombone) e Afonso Machado (bandolim).}. O botequim chegou a ser homenageado na composição Chorinho do Sovaco de Cobra, de Abel Ferreira, que foi gravado por Joel Nascimento em 1976.

Berço de craques

A Penha é um bairro de classe média, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro e em que, segundo o Censo de 2010, viviam 78.678 habitantes. Está situado na Serra da Misericórdia, maior exploração mineral para produção de brita em todo o Brasil, dentro de perímetro urbano, onde se localiza, também, o Parque Natural Municipal Jardim do Carmo, criado pelo Decreto Municipal nº 20.723/2001. Uma área de lazer importante para a população é a Praça Santa Emiliana, muito procurada para a prática de caminhadas.

Além da inclinação para a devoção religiosa e para a música, quem vive na Penha revela, ainda, uma terceira paixão: o futebol. O lateral-esquerdo Athirson e o zagueiro Gonçalves, que atuou na seleção brasileira, cresceram no bairro. Outro craque da seleção que se iniciou no esporte pelas ruas do bairro, calçando luvas feitas de meias usadas, foi o goleiro Júlio César, que atualmente joga no Benfica, em Portugal. Outro filho da terra é o “imperador” Adriano, que em 2013 inaugurou um centro social na Penha para atender crianças em idade de creche e de pré-escola.

Começo da ocupação

A origem da Penha está relacionada a duas sesmarias da época de Estácio de Sá. Inhaúma, doada ao fidalgo e capitão da frota portuguesa Antônio da Costa, e Irajá, pertencente a Antônio de França. Na primeira, foi criada a Fazenda do Engenho da Pedra, depois chamada de Nossa Senhora de Bonsucesso, que se estendia pela área onde hoje se situam os bairros de Manguinhos, Bonsucesso, Ramos e Penha. Quanto à sesmaria de Irajá, ali foi instalada a Fazenda de Nossa Senhora da Ajuda, também chamada de Fazenda Grande da Penha. Em 1613, ambas as sesmarias foram cedidas ao capitão Baltazar Abreu Cardoso.

Ao norte de seu território, a Penha tinha uma área de mangue, que era chamada pelos indígenas de Mariangu, em referência a uma ave local. Ali surgiu o Porto de Maria Angu, que, ainda no período colonial, servia de atracadouro no transporte da produção agrícola local, predominantemente de cana-de-açúcar, para o centro do Rio. Durante a gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906), uma linha de barcas passou a fazer o trajeto entre a Penha e a Praça Quinze, com conexão para a Ilha do Governador. A área, também conhecida como Praia da Moreninha, passou por sucessivos aterros em meados do século XX, a ponto de fazer desaparecer a Ilha do Anel e a Ilha Comprida.

O povoamento se deu, de fato, apenas a partir de 1670, quando a construção da Igreja da Penha, iniciada em 1655, já permitia a frequência dos paroquianos. A mobilidade aumentou no fim do século XIX, graças à Estrada de Ferro do Norte – mais tarde, Leopoldina Railway –, que facilitou o acesso ao bairro. Um ramal ferroviário, vindo da Estrada de Ferro Rio D’Ouro, servia ao transporte dos rebanhos de gado bovino de Santa Cruz para o Matadouro da Penha. O empreendimento havia sido instalado por Custódio Nunes na antiga Fazenda Grande da Penha, em 1892, e, assim como outros das redondezas, serviu de atrativo para a fixação de moradia da mão de obra empregada.

curtumeBem próximo à Igreja da Penha, o Curtume Carioca, inaugurado em 1924, se transformou na maior indústria de couro das Américas, até fechar as portas, após quase oito décadas de atividade. A entrada até o prédio suntuoso, em estilo art nouveau, era ligada à estação ferroviária por um caminho bem cuidado e muito arborizado. Com a implantação do serviço de bondes elétricos, que facilitou a integração com o restante da cidade, em 22 de julho de 1919 o bairro da Penha foi emancipado da Freguesia de Irajá pelo Decreto nº 1.376.

Na atualidade, a área do antigo matadouro é ocupada pelo Conjunto do IAPI, com 44 blocos construídos na Era Vargas. A ideia visava garantir moradia para os segurados do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, uma vez que, antes da unificação da previdência, decretada em 1º de janeiro de 1967, os órgãos de classe administravam seus recursos de maneira independente.

Devoção de longa data

Existe uma boa chance de que a Festa da Penha seja uma das mais antigas do calendário religioso do país. Nos meses de outubro e novembro, já na praça aos pés da subida – que pode ser vencida encarando os 382 degraus ou, então, pelo plano inclinado, inaugurado em junho de 2012 –, há dezenas de barraquinhas enfeitadas e muita comida. A escadaria, que eleva o visitante a 111 metros de altura, foi toda talhada em pedra, à mão, por mão de obra escrava, no período entre 1818 e 1819.

O Santuário Mariano de Nossa Senhora da Penha de França, nome oficial do templo que se destaca na paisagem, é um dos mais belos cartões-postais do Rio e tem uma igrejahistória não menos bonita. Por volta de 1635, o já citado capitão Baltazar Abreu Cardoso foi atacado por uma cobra e recorreu a uma prece a Nossa Senhora no seu pedido de socorro.

Em agradecimento pela graça alcançada, mandou construir uma capelinha no alto de uma grande pedra, de onde não apenas podia avistar toda a extensão de suas plantações, mas também renovar sua gratidão à protetora. Logo, outras pessoas que observavam, a distância, o hábito daquele senhor, resolveram imitá-lo. E, assim, surgiu na comunidade a tradição de subir a Grande Penha – palavra que significa pedra – para rezar.

Quando morreu, o capitão Baltazar deixou a totalidade dos seus bens para o santuário. Assim, em 1728, com a popularização da festa dedicada à padroeira, foi criada a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha, que demoliu a primeira capela para a substituição por uma igreja com uma única torre e dois pequenos sinos. Em 1870, mais uma vez a construção foi remodelada e ampliada.

Trinta anos mais tarde, a Igreja da Penha recebeu duas novas torres e, em 1925, um carrilhão com 25 sinos portugueses, comprados na Exposição do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Pelo seu valor histórico e cultural, a Igreja da Penha foi tombada por meio do Decreto Municipal nº 9.413, em junho de 1990. Integrante imaterial da memória da cidade, em 2015 a Festa da Penha celebra sua 380ª edição.

Segundo principal ponto turístico

O Parque Shangai, batizado em homenagem à metrópole chinesa de Xangai, está situado na área verde de acesso à subida para a Igreja da Penha. Fundado em 1919 como uma atração itinerante, em 1934 se fixou na área em que, hoje, funciona o Aeroporto Santos Dumont, no Centro. No início dos anos 1940, se transferiu para a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Mas obras no entorno levaram à definitiva mudança, ocorrida em 1966. Embora seus anos dourados tenham ocorrido na década de 1950, o parque de diversões, há gerações na mesma família, voltou a ser bastante frequentado e continua encantando as crianças com seu carrossel, autopista e roda-gigante, entre duas dúzias de brinquedos temáticos.

Com uma ligação afetiva que ultrapassa a passagem do tempo, o Parque Shangai já apareceu como pano de fundo de histórias em quadrinhos de Gualberto Costa, em livros e como locação de produções recentes para o cinema e a TV. Existe, também, um salão de festas que é alugado aos interessados para a realização de eventos.

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