Início > Notícias > Anna Amélia: a poetisa apaixonada por futebol
Início > Notícias > Anna Amélia: a poetisa apaixonada por futebol
Anna Amélia: a poetisa apaixonada por futebol
Texto
Publicado por Márcia Pimentel em 05/01/2015

AnnaAmelia-BarbaraHeliodoraPassear pelos nomes das unidades de ensino da Rede Pública do Rio é, praticamente, como visitar um museu repleto de personagens e histórias que guardam a memória da cidade. Na Rua Biarritz, em Bangu, a E.M. Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça (8ª CRE), por exemplo, nos faz desembarcar direto no tempo da Belle Époque, quando nasceu a patrona da escola, que, além de poetisa e tradutora de primeira linha, movimentou a vida cultural e estudantil da sociedade carioca e atuou em movimentos de defesa dos direitos da mulher.

Anna Amélia nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1896, mas passou a infância em Itabirito, Minas Gerais, onde seu pai, José Joaquim de Queiroz Júnior, abriu a primeira siderúrgica do Brasil: a Usina Esperança. Apaixonada por futebol, esporte até então só praticado pelos rapazes da elite, traduziu um livro com as regras do jogo e chegou a pedir a seu pai uma botina de sola grossa para jogar bola. Mais que isso, ensinou o esporte aos operários da fábrica, tendo apitado várias partidas entre eles.

Como era comum entre as famílias da elite da época, ela nunca frequentou uma escola regular, sendo educada por professoras particulares estrangeiras, que lhe ensinaram inglês, francês e alemão. Com isso, transformou-se em uma das melhores tradutoras de literatura de seu tempo, legado transmitido a sua filha mais nova, a crítica teatral Barbara Heliodora, que veio a assinar traduções de inúmeras peças do dramaturgo inglês William Shakespeare.

 

Volta ao RioAnnaAmelia-marcos2

Em 1911, Anna Amélia retornou ao Rio de Janeiro, quando publicou, com o patrocínio dos pais, seu primeiro livro, Esperanças, Recordações de Infância. As 22 poesias foram bem recebidas pelos colunistas literários da época, a exemplo de Barbosa Lima Sobrinho e Austregésilo de Athayde. Em maio de 1913, ao assistir a um jogo do América, conheceu o goleiro Marcos de Mendonça, que a fez suspirar ao se aproximar da arquibancada, durante o intervalo da partida. O casamento saiu em 1917, quando Marcos de Mendonça vestia a camisa do Fluminense. Cinco anos depois, Anna Amélia publicou, em seu segundo livro, Almas, uma das poesias que havia feito para ele.

“Foi sob um céu azul, ao louro sol de maio
Que eu te encontrei, formoso como Apolo
E o meu amor nasceu, num luminoso raio,
Como brota a semente à umidade do solo”

 

Rainha dos estudantes e feminista

Os saraus promovidos pelo casal, dos mais concorridos da cidade, costumavam contar com a presença de figuras ilustres. Nesse espírito que animava os salões da elite carioca, Anna Amélia fundou, em 1929, junto com Paschoal Carlos Magno e outros nomes, a Casa do Estudante do Brasil (CEB). O espaço logo ficou conhecido por seus recitais, quermesses, torneios esportivos e iniciativas de assistência aos estudantes mais pobres. Nesse mesmo ano, apesar de nunca ter frequentado uma escola formal, a poetisa foi eleita Rainha dos Estudantes e presidente da CEB, cargo exercido até sua morte, em março de 1971.

annaamelia-solarAlém das atividades literárias e voltadas para o meio estudantil, Anna Amélia também participou de movimentos em prol da emancipação feminina. Foi vice-presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e a primeira mulher a ter uma função em um tribunal eleitoral (na mesa apuradora da eleição de 1934). Representou o país no I Congresso Feminista Internacional da Woman League International, realizado em Istambul, em 1935, sendo delegada do Brasil na Comissão Interamericana de Mulheres, entre 1941 e 1943.

Em 1944, mudou-se com o marido e as filhas para o Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, um palacete construído no melhor estilo neoclássico por seu bisavô, o comendador Borges da Costa, em torno de 1850. O hábito de receber a sociedade continuava. Os salões da nova residência se abriram inúmeras vezes, inclusive para receber o diretor de cinema italiano Franco Zefirelli e a protagonista do filme E o Ventou Levou, a atriz Vivian Leigh, que passou pelo Rio na década de 1960.

Tarsila do Amaral, defensora da arte com o olhar brasileiro
Patrona da E.M. Tarsila do Amaral (5ª CRE), conheça a trajetória de uma das maiores representantes da pintura no Brasil.
Notícias

Tarsila do Amaral, defensora da arte com o olhar brasileiro

Patrona da E.M. Tarsila do Amaral (5ª CRE), conheça a trajetória de uma das maiores representantes da pintura no Brasil.

17/01/2022

Artur Azevedo e seu papel na criação da ABL e do Theatro Municipal
O jornalista fez intensa campanha, que resultou na lei de criação do imponente teatro da Cinelândia.
Notícias

Artur Azevedo e seu papel na criação da ABL e do Theatro Municipal

O jornalista fez intensa campanha, que resultou na lei de criação do imponente teatro da Cinelândia.

21/09/2021

Vital Brazil descobriu como neutralizar o veneno de cobras brasileiras e doou patente para o Estado
Cientista trabalhou para se formar em medicina e foi pioneiro na pesquisa em Imunologia. 
Notícias

Vital Brazil descobriu como neutralizar o veneno de cobras brasileiras e doou patente para o Estado

Cientista trabalhou para se formar em medicina e foi pioneiro na pesquisa em Imunologia. 

11/05/2021

Quem foi Francisco Cabrita, engenheiro e professor
Importante figura no campo da Educação no início da República, ele dá nome a uma escola na Tijuca. 
Notícias

Quem foi Francisco Cabrita, engenheiro e professor

Importante figura no campo da Educação no início da República, ele dá nome a uma escola na Tijuca. 

23/02/2021

Marc Ferrez, fotógrafo pioneiro na documentação do Brasil
A obra de Ferrez é considerada um dos principais registros visuais do século XIX e do início do século XX.
Notícias

Marc Ferrez, fotógrafo pioneiro na documentação do Brasil

A obra de Ferrez é considerada um dos principais registros visuais do século XIX e do início do século XX.

07/12/2020

Affonso Penna: inovou ao nomear ministros com requisitos técnicos, mas não fugiu ao co
Aulas on-line da professora de História da E.M. Affonso Penna falam sobre as práticas políticas da Primeira República.
Notícias

Affonso Penna: inovou ao nomear ministros com requisitos técnicos, mas não fugiu ao contexto ao privilegiar os cafeicultores

Aulas on-line da professora de História da E.M. Affonso Penna falam sobre as práticas políticas da Primeira República.

30/11/2020

Grande Otelo e o imaginário racial brasileiro no século XX
  Conheça a trajetória do ator negro que dá nome a duas unidades de ensino da Rede Municipal.
Notícias

Grande Otelo e o imaginário racial brasileiro no século XX

  Conheça a trajetória do ator negro que dá nome a duas unidades de ensino da Rede Municipal.

19/10/2020

Maria Montessori: feminista, cientista e educadora
Uma das primeiras mulheres a se formar em Medicina e a exercer a profissão na Europa, ela confrontou governos totalitários e revolucionou a Educação no mundo.
Notícias

Maria Montessori: feminista, cientista e educadora

Uma das primeiras mulheres a se formar em Medicina e a exercer a profissão na Europa, ela confrontou governos totalitários e revolucionou (...)

31/08/2020

Aracy de Almeida, cantora famosa e mulher emancipada
Nascida no subúrbio do Rio, Aracy cantou para as multidões e fez o que quis da vida em plena década de 1930.
Notícias

Aracy de Almeida, cantora famosa e mulher emancipada

Nascida no subúrbio do Rio, Aracy cantou para as multidões e fez o que quis da vida em plena década de 1930.

19/08/2020

Tia Maria do Jongo e a conservação da cultura ancestral
Ela ensinava crianças em casa para manter viva a tradição.
Notícias

Tia Maria do Jongo e a conservação da cultura ancestral

Ela ensinava crianças em casa para manter viva a tradição.

24/07/2020

Mantenha-se atualizado com as iniciativas da MultiRio! Receba conteúdo exclusivo sobre educação, cultura e novas tecnologias aplicadas ao ensino, além das novidades sobre nossos projetos e produções.
Inscreva-se