Maria Cristina Zamith Cunha, professora de Ciências na E.M. Orsina da Fonseca (2ª CRE), na Tijuca, aproveita os mecanismos que a Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro oferece aos professores e, por meio deles, se tornou Master Teacher da Nasa e participou, com seus alunos, de um projeto lançado pela prefeitura de Nova York.
Ser Master Teacher da Nasa significa compartilhar informações sobre os trabalhos de Ciências desenvolvidos em sala de aula com outros 26 professores ao redor do mundo. Mais duas professoras da Rede estão nesse time: Inês Mauad, da E.M. Ari Marques Pontes (10ª CRE), e Cássia Chaves, da E.M. Minas Gerais (2ª CRE). Maria Cristina conta como é fascinante para os estudantes municipais trocar ideias com uma turma da Croácia que desenvolve um trabalho com química botânica, por exemplo, ou fazer uma conferência, via Skype, com alunos da Tailândia, sobre doenças tropicais como zika e dengue.
Já a parceria com a prefeitura de Nova York aconteceu após o atentado de 11 de setembro de 2011. O programa Global Partners Junior nasceu com o objetivo de evitar que a xenofobia se espalhasse nas escolas públicas nova-iorquinas. Cerca de 300 escolas de diversas partes do mundo aderiram e passaram a se comunicar, mostrando, uns aos outros, seus projetos em sustentabilidade e criando, desse modo, janelas para um mundo mais solidário. O projeto da E.M. Orsina da Fonseca foi escolhido o melhor deles – um carrinho para vender yakisoba, que funciona com uma bicicleta e uma placa de energia solar. Os alunos receberam certificado, troféu e equipamentos como mini smart boards (tabuletas eletrônicas de desenho), livros e as bandeiras dos países participantes.
Além das aulas regulares para o 8º e 9º anos, Maria Cristina também é professora de disciplinas eletivas, que podem agregar alunos do 7º ano. Esse é o caso de Programação e Robótica, durante a qual os estudantes construíram um drone – dispositivo automatizado de controle remoto – a partir de lixo eletrônico. O robô foi construído para coletar amostras de solo, água e temperatura, monitorando, dessa maneira, ambientes da escola, como os canteiros de árvores ou a horta.
Trajetória
Maria Cristina formou-se em Ciências Biológicas pela UFRJ, onde também cursou o Mestrado em Ecologia. Fez, ainda, uma pós-graduação latu sensu em Análise e Avaliação Ambiental, na PUC. Começou a dar aulas no Município no ano 2000, na E.M. Sindicalista Chico Mendes (10ª CRE), em Santa Cruz. Depois, passou para a E.M. Santa Catarina (1ª CRE), em Santa Teresa, e pretende se aposentar onde leciona atualmente. Em 2013, migrou da matrícula de 16 horas para 40 horas, e acredita que “professor não é só um mediador, deve ser um verdadeiro mestre, alguém que ilumina o caminho, uma fonte de inspiração para os alunos”.
Outro papel desempenhado por Maria Cristina é o de consultora técnica do Ministério do Meio Ambiente. Ela é credenciada desde 2002 e participou do grupo que preparou o relatório de impacto ambiental, solicitado pelo Ministério Público Federal, após o desastre de Mariana, em Minas Gerais, avaliando os prejuízos sofridos pelo ecossistema do Rio Doce com o rompimento da barragem da Samarco.
Os hobbies da professora são praticar stand up paddle, ler e cozinhar. Ela é vegetariana há 30 anos e defende uma visão não antropocêntrica da vida: “As outras espécies são nossas espécies-irmãs”. Maria Cristina orgulha-se da família. Casada há 28 anos, tem três filhos: a mais velha é formada em Ciências da Computação, o do meio é aspirante da Escola Naval e o caçula, com 21 anos, estuda Medicina Veterinária na UFRRJ.