Os Saltimbancos: escuta, leitura e encenação

O projeto envolveu as duas turmas de 6º ano do GET Joaquim Nabuco no ano de 2024. Foi muito importante para este projeto o espaço aberto pela professora Barbara Neves, professora de Ciências da U.E e à época professora de Estudos Orientados do 6º ano. Nos tempos que coincidiam estarmos cada uma com uma turma de 6º ano, 1 tempo por semana descemos com os alunos para outro espaço da escola, uma horta, Junto à mudança de ambiente, esse local incentiva a expansão da voz, do corpo, dos gestos e a autonomia de se organizarem em grupos distintos e entre turmas. A organização é sempre um desafio inicial e contínuo, mas conseguimos. Nesse espaço aberto e orientado pela professora Barbara, já em sala de aula as turmas produziram o material para a peça (figurino, cenário e convite).

A apresentação da peça "Os Saltimbancos", versão de Chico Buarque, se deu, antes de tudo, por meio de sua trilha sonora, propositalmente sem nenhum impresso para acompanhamento das letras e aqui iniciou-se um diálogo: - Gostaram?; - O que acharam? (apreciação estética é essencial) - O que vocês entenderam?; - Há algo em comum entre as histórias?... Apenas depois que a turma manifestou algum encantamento pelas músicas, apontando suas preferidas, foi revelada a ideia de termos uma peça teatral. A partir de então, um trabalho que envolveu, agora com as letras impressas, exercícios de interpretação oral e escrita, desde o uso de dicionários para relacionarem, por exemplo, o significado de "Saltimbancos" até a interpretação dos perfis de cada personagem, a fim de desenharmos como poderiam ser encenadas.

Somente após essas imersões fomos para o colaboratório, pelos recursos audiovisuais disponíveis, para que os alunos conhecessem diferentes versões encenadas das peças, bem como imagens e voz do autor, Chico Buarque. Nesse espaço, observamos e discutimos gestos, perfis, figurino e cenário; e ensaiamos possíveis coreografias.

As apresentações aconteceram duas vezes no mesmo dia: a primeira, para as crianças do EDI Claudio Cavalcanti; a segunda, para responsáveis antes de uma reunião de fechamento de bimestre. Entre uma e outra, os alunos trocaram de papeis e reorganizaram suas atuações.

O encantamento pelas músicas; os sentidos sobre as personagens; o entendimento de que todos os animais sofriam em seus trabalhos e de que cada um quis mudar sua vida para melhor foi, em termos de interpretação, uma construção interessante de viver, retorno dado também pelas turmas.

Quando uma aluna diz “Essa gata é mimada, tem que falar mais mole”; ou “Essa galinha tá com raiva do patrão, tem que ir na direção dele bicando”, percebemos a eficácia de exercícios de escuta e interpretação. O riso é um dos grandes ganhos deste trabalho: ria-se de vergonha; ria-se quando se superava a vergonha; ria-se com uma canção chiclete na cabeça.

Alunas e alunos se juntaram para recortar, colorir, colar, traduzir em imagens as cenas da peça; para maquiar, arrumar o colega, vibrar com quem finalmente estava parecido com o personagem.

Se apresentar em público não é fácil. Para quem estava de fora, eles estavam tímidos; para eles, o pedido de se apresentar novamente, poucas horas depois.