O Palácio São Joaquim, também chamado de Palácio da Mitra Arquiepiscopal, é um prédio em estilo eclético tombado há pouco mais de uma década por um decreto da Prefeitura. Cabe à Mitra Arquiepiscopal administrar o patrimônio físico da Igreja Católica, como os templos, os museus municipais de arte sacra, e até cuidar dos direitos de exploração comercial da estátua do Cristo Redentor, principal ponto turístico na cidade.
A construção
O prédio onde hoje funciona o Centro Cultural Justiça Federal, na Avenida Rio Branco, foi originalmente construído segundo um projeto do espanhol Adolpho Morales de Los Ríos para ser a sede da Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro. No entanto, os religiosos preferiram que ela fosse instalada no bairro da Glória, no local onde ficava o palacete do Barão e Visconde de Meriti, e a construção passou para o Governo Federal, tornando-se a sede do Supremo Tribunal Federal de 1909 a 1960, ano de fundação do Distrito Federal. Nome importante no processo de modernização urbana da virada do século XX, o arquiteto, que também é autor do Museu Nacional de Belas Artes, criou, então, um novo projeto, que ficou pronto em 1912. Dom Joaquim Arcoverde Cavalcanti de Albuquerque foi o primeiro cardeal-arcebispo do Rio a morar no palácio, de 1918 até sua morte, em 1930.
Importância histórica
Em outubro de 1952, ano de sua ordenação episcopal, Dom Hélder Câmara fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com sede no Palácio Arquiepiscopal do Rio de Janeiro e realizou ali a primeira reunião. Teve a ajuda do então subsecretário de Estado do Vaticano, Monsenhor Giovanni Batista Montini, futuro papa Paulo VI. Dom Hélder foi secretário-geral da CNBB até 1964, quando, por pressão do regime militar, acabou sendo transferido para a Arquidiocese de Olinda e Recife.
Durante a Jornada Mundial da Juventude, mais especificamente no dia 26 de julho de 2013, Dia de Santana e de São Joaquim, dedicado aos avós, o Papa Francisco rezou do balcão do palácio, ao meio-dia, a oração do Ângelus para uma multidão que aguardava na praça em frente.
Localizado no número 446 da Rua da Glória, o Palácio São Joaquim não está aberto à visitação pública. Embora a residência oficial seja no alto do Morro do Sumaré, o atual arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal D. Orani Tempesta, vive ali desde 2009. O espaço ostenta vários trabalhos do pintor Carlos Oswald. A pintura mural que decora o teto da sala da capela, por exemplo, tem 45 metros quadrados e demandou, sozinha, quatro meses de restauração.
Fontes:
Site da Arquidiocese de São Sebastião/ArqRio, site Diário do Rio, site da arquiteta Marcia Braga
RICCI, Claudia Thurler. Sob a inspiração de Clio: O Historicismo na obra de Morales de los Rios. 19&20, Rio de Janeiro, v. II, n. 4, out. 2007.