No início do século XIX, em plena Revolução Industrial, a busca pela eficiência e produtividade estabeleceu, na Europa, uma série de discussões sobre a performance do corpo. Por que os operários ingleses eram mais produtivos que os franceses? Qual a capacidade muscular de cada um para exercer certo tipo de trabalho? Qual o papel do fôlego e da respiração no bom desempenho da jornada laboral? Qual a relação entre alimentação e produtividade física? Essas e muitas outras questões acabaram promovendo uma série de estudos que resultaram em projetos de inclusão da ginástica nos programas escolares e criaram uma onda de prática de exercícios físicos entre a população europeia.
No Brasil, o Colégio Pedro II foi pioneiro na inclusão da ginástica em seu programa escolar, tendo a primeira aula de Educação Física ocorrido em 1841. Mas, quando o assunto se refere à oferta da prática de exercícios físicos à população, os lusos estão na vanguarda. Em 1868, dois irmãos portugueses – João e Antônio José Ferreira da Costa – fundaram a Real Sociedade Clube Ginástico Português, cuja primeira sede, na Rua do Hospício (atual Buenos Aires), contou com apresentações de ginástica e esgrima em sua inauguração.
Poucos anos depois, também floresceu no Ginástico uma escola de Arte Dramática, que sempre se fazia presente nos saraus promovidos pelo clube. O sucesso do projeto foi tão grande que culminou com a inauguração do Teatro Ginástico, em 1937, por ocasião da construção da nova sede do clube, na Avenida Graça Aranha. Com presença marcante na cena cultural da cidade, passaram pelo Ginástico inúmeros espetáculos protagonizados por grandes nomes do teatro nacional, como Paulo Autran, Paulo Gracindo, Bibi Ferreira, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Tônia Carrero, Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Cacilda Becker e muitos e muitos outros. Em 2002, o teatro foi fechado para reforma. Foi reinaugurado três anos depois – mas, agora, em parceria com o Sesc –, transformando-se, assim, no Teatro Sesc Ginástico.
No remo e no futebol
No final do século XIX, a prática de levantamento de peso e do remo se transformou numa verdadeira febre na cidade do Rio de Janeiro, entre os homens. Além das sóbrias casacas, os jovens rapazes exibiam, agora, seus corpos musculosos, nas regatas realizadas na Baía de Guanabara, que atraíam multidões. Foi nesse contexto que 62 rapazes – quase todos portugueses – fundaram o Clube de Regatas Vasco da Gama, em 1898. O nome da agremiação foi inspirado nas celebrações do quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para as Índias, pelo navegador português.
Em 1913, um combinado de clubes de futebol de Lisboa excursionou pelo Rio. O fato despertou o interesse da colônia portuguesa, que acabou fundando, nesse mesmo ano, vários clubes de futebol, como o Lusitânia e o Luso, entre outros. Em 1915, o Lusitânia se fundiu ao Vasco da Gama, que, com isso, criou o seu departamento de futebol. O time começou a competir no ano seguinte, na terceira divisão. Em pouco tempo, transformou-se num dos mais populares clubes do Rio de Janeiro.