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Olhar múltiplo em HQs
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Publicado em 19/08/2014
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agostini mioloAs histórias em quadrinhos, com sua expressão visual e verbal, são, sem dúvida, um meio de comunicação de massa que tem atraído milhões de leitores e colecionadores, crianças, jovens e adultos, no mundo todo. E toda essa popularidade vem justamente de sua vasta produção, divulgação e comercialização em escala industrial ampla e diversificada.

Historicamente, o “nascimento” dos quadrinhos pode ser situado na Europa do século XIX, embora muitos especialistas norte-americanos afirmem que os quadrinhos tenham surgido nos Estados Unidos, na virada do século XIX para o século XX. É que, em seus primórdios, as HQs se apropriaram de elementos dos romances populares e das revistas de caricaturas impressas na Europa com uma linguagem ao mesmo tempo visual e textual.

Nas primeiras décadas do século XX, os quadrinhos começaram realmente a se afirmar nos Estados Unidos em publicações de jornais. Portanto, os americanos contribuíram bastante para transformá-los em um produto comercial a ser amplamente divulgado e distribuído em todo o mundo.

Segundo o professor Moacy Cirne, que foi um dos mais respeitados estudiosos sobre quadrinhos, “no Brasil de todos os sambas e de todos os dengos, de todos os malandros e de todos os cangaceiros, a história não poderia ser diferente (apesar de seu aspecto brejeiro): da caricatura aos quadrinhos foi só um salto (gráfico), motivado pelo talento criativo de Angelo Agostini, cartunista italiano radicado entre nós. Aqui, o que existe é a universalidade gráfica e temática, que se espraia em mais de cem personagens”.

Aproveitamos para lembrar de dois autores (entre tantos outros) que marcam profundamente a história dos quadrinhos no Brasil de hoje, com tiragens colossais: Ziraldo e Mauricio de Sousa.

As etapas na construção dos quadrinhos são muitas e incluem habilidades diversas do artista, como a elaboração do argumento, do roteiro e das imagens, com cuidados que vão desde os enquadramentos, as letras, a utilização dos balões, até a construção da história e dos personagens. Assim, o leitor atento percebe que as histórias em quadrinhos trazem em seu conteúdo um conjunto de elementos significativos que vão ser determinantes para o seu sucesso.

tintin1O potencial das HQs de lidar com universos que vão de histórias fantásticas, ficção científica, assuntos históricos e cotidianos a histórias de temas exóticos, bem como a sedução que as imagens exercem sobre nós desde o tempo das cavernas, funcionam como estímulos para o leitor e o convidam a participar de um mundo novo e vasto.

Conhecer e ler quadrinhos desenvolve a capacidade de crianças, jovens e adultos de compreender melhor e mais profundamente os signos dispostos no universo textual. Texto e imagem associados tornam mais curiosos, prazerosos e amplos os estudos de compreensão e interpretação em todas as áreas do conhecimento.

A entrada no universo heterogêneo dos quadrinhos favorece, inclusive, no jovem leitor, o interesse também pelos livros de literatura. De fato, é curioso como muitos escritores e intelectuais lembram, com saudosismo, como o contato com quadrinhos na infância e na adolescência teria marcado suas vidas e suscitado o interesse por outras leituras.

Adriana Bittencourt Guedes é professora de Língua Portuguesa e doutora em Literatura